Por que esta empresa americana vai fabricar remédios no espaço?
Você ainda não se acostumou com a ideia de turismo espacial? Prepare-se para mais empreendimentos inusitados em órbita da Terra: a novidade agora é o desenvolvimento de componentes-chave de remédios em pleno espaço.
Quem está investindo nessa ideia é a Varda Space Industries, uma startup com sede na Califórnia, nos Estados Unidos. A empresa lançou sua primeira missão de teste na última segunda-feira (12), a bordo de um foguete da SpaceX.
Ele partiu da Base Vandenberg da Força Aérea dos EUA, também na Califórnia, carregando oito pequenos satélites. Entre eles, estava uma cápsula de 90 quilos projetada pela Varda para desenvolver pesquisas de medicamentos em microgravidade. A empresa confirmou no Twitter que sua cápsula se separou com sucesso do foguete de Elon Musk.
There goes the @VardaSpace Winnebago-1, powered by Rocket Lab's Photon: pic.twitter.com/R0XseI6rR9
— Michael Sheetz (@thesheetztweetz) June 12, 2023
Representantes da SpaceX afirmaram à CNN que a Varda já gastou 40 milhões de dólares neste projeto. Por outro lado, eles ainda tem dinheiro suficiente para financiar pelo menos suas primeiras quatro missões, mesmo que alguma delas falhe. Mas a empresa acredita que não precisará de mais do que isso para fazer sua tecnologia funcionar.
A ideia da Varda é enviar satélites contendo experimentos de indústrias farmacêuticas que queiram criar componentes de seus produtos em microgravidade. Isso para, quem sabe, descobrir quais medicamentos são melhores quando fabricados no espaço.
A 1ª viagem espacial da Varda
Já se sabe, por exemplo, que é possível criar cristais de proteína em microgravidade com maior qualidade do que se pode fazer na Terra. Acredita-se que eles poderiam ser usados em produtos farmacêuticos que o corpo humano absorva mais facilmente ou com melhor desempenho no geral. Por enquanto, a missão teste da Varda é um experimento sobre o ritonavir, um medicamento tradicionalmente usado para tratar o HIV.
A cápsula da empresa, com o experimento a bordo, está conectada a um módulo que fornece energia, propulsão e comunicações necessárias para navegar no espaço. Terminado o experimento, os engenheiros responsáveis começam o processo de recuperação dos materiais. Com um empurrão na direção da Terra, a cápsula mergulha na atmosfera e depois abre um paraquedas para pousar e aguardar o resgate pelo pessoal da Varda.
Porém, como está é a primeira missão, ainda não se sabe se o sistema da Varda será eficaz ou sequer apresentará benefícios econômicos e logísticos em relação ao envio de experimentos do mesmo tipo para a ISS (Estação Espacial Internacional) – coisa que empresas privadas e instituições de pesquisa já fazem hoje.