Vamos falar a real: os primeiros aparelhos Android eram ruins

Durante a última semana, quase todo mundo falou — inclusive nós mesmos — com alguma nostalgia sobre o 10º aniversário do anúncio do T-Mobile G1 (também conhecido como HTC Dream), o primeiro dispositivo comercial da plataforma Android. Muita gente teve a mesma ideia: pegar o aparelho, tirar algumas fotos e falar sobre “como era aquela […]

Durante a última semana, quase todo mundo falou — inclusive nós mesmos — com alguma nostalgia sobre o 10º aniversário do anúncio do T-Mobile G1 (também conhecido como HTC Dream), o primeiro dispositivo comercial da plataforma Android. Muita gente teve a mesma ideia: pegar o aparelho, tirar algumas fotos e falar sobre “como era aquela época”. Deixe eu te falar algo sobre aquele tempo: o Android era ruim, hein?

Mesmo naquela época, não acho que alguém duvidava sobre o que estava rolando com o Android ou o T-Mobile G1. A ideia de uma alternativa de código aberto ao iPhone tinha apelo, mas tanto o hardware como o software eram péssimos.

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O smartphone foi o meio para transmitir uma ideia ainda mal concebida e que não era totalmente construída. Embora seu visual slide fosse interessante, o hardware posicionava o G1 em uma mistura de BlackBerry e um smartphone moderno: por que você iria precisar de um trackball se tem uma tela touchscreen? Por que não tinha uma entrada de fone de ouvido convencional? Como eu poderia usar o teclado QWERTY com minha mão direita com esse “queixo” do telefone para atrapalhar?

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Mas mesmo se você deixar de lado o design esquisito, o sistema operacional e a interface do usuário da plataforma eram muito rudimentares e frustrantes. Ainda que tivesse ideias inovadoras e que iriam se tornar padrão com o tempo — como uma seção de notificações — o dispositivo não suportava multitouch, então não havia o clássico gesto “pinch to zoom” para dar ampliar fotos, por exemplo. Mesmo sendo um “telefone do Google”, o dispositivo não contava com uma série de apps da empresa que as pessoas poderiam curtir, e a loja de aplicativos era desoladora. Se quiser saber como era, dê uma olhada no canal Android Developer no YouTube, e você verá como o Android continuou sendo muito básico por anos depois de seu primeiro lançamento comercial.

Agora, não é totalmente justo rir de como o Android era ruim no início. Tanto o iPhone como o iOS não eram plataformas prontas quando começaram a ser vendidas. O primeiro iPhone não tinha loja de aplicativos! Mas eles tinham um certo acabamento que dava indícios de que poderia ser um bom produto no futuro.

E, como um pessoal fez questão de ressaltar, a ideia do Android, no início, não era para ser a plataforma que a maioria das pessoas iriam usar. De fato, durante seu desenvolvimento, a Apple e seu iPhone não representavam uma ameaça. O Google estava preocupado com a Microsoft e o domínio do Windows no mundo móvel. Como você pode ver, o T-Mobile G1 não era dos aparelhos mais bonitos já lançados, e a ideia era essa mesma, pois foi pensado para o mundo corporativo. Era, basicamente, um gadget voltado para produtividade.

No início do ano, nós tivemos um outro marco mais importante que o aniversário de 10 anos do G1: completamos cinco anos que um usuário regular pode escolher um bom Android em vez de um iPhone. Pelo menos na minha opinião, algumas das primeiras alternativas viáveis ao iPhone foram o Galaxy S4 e o HTC One (M7), ambos anunciados em março de 2013. O Android Jelly Bean, a plataforma desses aparelhos, foi a primeira evolução verdadeiramente boa da plataforma.

Lógico, isso é super discutível. Você pode falar das suas lembranças com seu tablet com Honeycomb na seção de comentários. Além disso, dá para reconhecer a nostalgia de equipamentos como o Nexus 4 e o Galaxy SIII, que pelo menos tinham boa qualidade, apesar de alguns deficiências. Mas acho que a margem não passa disso. O fato é que, mesmo após o lançamento inicial do Android, levou um tempo para os aparelhos melhorarem. Lógico, isso não impediu de as fabricantes venderem milhares de unidades por alguns motivos, por causa do preço (aparelhos com a plataforma eram mais baratos) ou por ter apelo para um público nerd (é uma plataforma aberta, então a manipulação de arquivos e nível de personalização foi sempre maior que do iPhone).

Tirei todas as fotos desse post em questão de minutos com um Google Pixel 2, um telefone que é, de certas formas, um herdeiro do T-Mobile G1. O processo foi tão fácil, e as imagens são tão boas quanto as que eu tiraria com câmera mirrorless Olympus que tenho na minha mesa. Posso falar? É inacreditável o quanto que evoluímos nesses últimos 10 anos.

Imagens por Mario Aguilar/Gizmodo

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