Após protestos na Turquia, Twitter adia anúncio da cobrança de API
Pela segunda vez, o Twitter adiou o início da cobrança de uma taxa mensal para uso da API (Interface de Programação de Aplicação, na sigla em inglês) da plataforma.
A rede social de Elon Musk planejava fazer a mudança na segunda-feira (13), mas afirmou que atrasaria o lançamento “por mais alguns dias”, sem fornecer detalhes.
There has been an immense amount of enthusiasm for the upcoming changes with Twitter API. As part of our efforts to create an optimal experience for the developer community, we will be delaying the launch of our new API platform by a few more days.
More information to follow…
— Developers (@XDevelopers) February 13, 2023
É graças ao acesso à API do Twitter que bots super legais podem funcionar — como este, que elenca as palavras que o jornal New York Times menciona pela primeira vez, ou este outro, que avisa sempre que o governo brasileiro aprovou um novo agrotóxico, por exemplo.
Organizações sem fins lucrativos e pesquisadores também usam a API do Twitter para analisar dados. Essas milhares de informações ajudam a monitorar emergências, eventos políticos e propagação de discurso de ódio ao redor do mundo.
O adiamento pode ter relação com os protestos de desenvolvedores da Turquia. Eles usam o Twitter para buscar pedidos de ajuda depois do terremoto que matou mais de 35 mil pessoas e deixou milhares de feridos e desabrigados.
Em uma tentativa de encontrar novas formas de receita para a plataforma, Elon Musk planeja incluir “planos de assinatura” para limitar o acesso à API. Para ter acesso total aos dados, por exemplo, a taxa seria de US$ 100 mensais – valor que passa dos R$ 500 no câmbio atual.
No plano gratuito, o nível de acesso a essas informações só permitiria a análise sobre 1.500 tuítes por mês por cada usuário. Mas esse é um recorte ínfimo ante a quantidade de tuítes a cada evento viral, como é o caso do terremoto na Turquia.
“Eles não são usados apenas para esforços de resgate”, disse Sedat Kapanoglu, fundador da Eksi Sozluk, rede popular na Turquia que tem ajudado voluntários na busca por vítimas, ao jornal francês Le Monde. “Mas também para planejamento logístico, já que as pessoas vão ao Twitter para transmitir suas necessidades”.
O que diz o Twitter
O Twitter afirma que as mudanças vão aumentar a qualidade da rede, reduzir o spam e “permitir um ecossistema próspero”. A plataforma não explicou como fará isso.
Manter uma API é custoso para as empresas. Mesmo assim, universidades e ONGs mantinham a expectativa de que o Twitter abriria uma exceção para fins acadêmicos e voluntários.
Até agora, o Twitter era a única rede social a manter sua API aberta e gratuita. O TikTok trabalha para fazer o mesmo, mas ainda não lançou a ferramenta. Já o Facebook limita o acesso a esses dados porque protege a maioria das informações coletadas.