Um grupo de pesquisadores canadenses e americanos calculou a probabilidade de uma pessoa morrer ao ser atingida por um pedaço de lixo espacial. Eles também estimaram quais são as regiões do planeta que correm o maior risco de serem atingidos por esses objetos.
É chamado de lixo espacial todo e qualquer objeto construído pelo homem que está em órbita da Terra e não tem nenhuma utilidade. Isso inclui peças de foguetes, satélites desativados ou detritos de diferentes tipos de missões.
Segundo a NASA, existem mais de 27 mil pedaços de lixo espacial em órbita – fruto de 65 anos de exploração espacial. Eles têm tamanhos entre alguns milímetros a vários metros, viajando a alta velocidade, sendo um perigo para naves e estações espaciais em órbita, bem como para humanos aqui na Terra.
Apesar de boa parte deles se desintegrarem na atmosfera ao cair, os pedaços maiores podem eventualmente chegar até o chão. A agência alerta que cerca de 80% da população mundial vive em estruturas que não oferecem proteção contra a queda desses objetos do espaço.
Por mais que a chance de alguém ser atingido seja considerada remota, isso não significa necessariamente que o risco não exista. Vale lembrar que a queda de lixo espacial já foi reportada em várias regiões do planeta, inclusive no Brasil.
Em março, por exemplo, um objeto com 600 kg caiu perto de uma casa no interior do Paraná. A peça retorcida com quatro metros de comprimento fazia parte do segundo estágio de um foguete da SpaceX. Por sorte, ela caiu numa área rural.
Já em 2020, os restos do foguete chinês Long March 5B reentrou na atmosfera e conseguiu chegar ao solo, atingindo vários prédios em um vilarejo na Costa do Marfim, na África.
A ameaça vem do céu
No estudo publicado na revista científica Nature Astronomy, os pesquisadores fizeram um levantamento dos potenciais restos de foguetes que estão em uma órbita inferior a 600 km de altitude, e que foram lançados nos últimos 30 anos. A lista (“conservadora”, dizem eles) indica 651 pedaços de lixo espacial sob o risco de cair de forma descontrolada nos próximos 10 anos.
Diante desses dados, eles estimam que existe 10% de chance de que uma ou mais pessoas morram vítimas de lixo espacial na próxima década. Os cientistas foram além e também apontaram as principais cidades com um maior risco de serem atingidas por destroços espaciais, tendo como base a órbita desses objetos.
Segundo eles, a chance de Jacarta, Daca, Cidade do México, Bogotá e Lagos serem atingidas é pelo menos três vezes maior do que as de Washington, Nova York, Pequim e Moscou. Ironicamente, as cidades menos prováveis são justamente de países que têm maior tradição de lançamento de foguetes.
Vale destacar que esse risco deve aumentar nos próximos anos, por conta do ritmo acelerado de lançamentos – tanto aqueles por agências governamentais, bem como por empresas privadas. Além do lançamento de dezenas de milhares de novos satélites – como os da rede Starlink –, é esperado que nos próximos anos sejam construídas várias estruturas em órbita, desde estações espaciais privadas a hotéis espaciais.
A solução para o problema apontada pelos pesquisadores é cobrar normas internacionais que obriguem os países lançadores a adotarem tecnologias que evitem essas reentradas de objetos de forma descontrolada. Uma opção, seria desenvolver foguetes e satélites que usem motores que possam controlar suas quedas, fazendo com que eles evitem cair em áreas densamente povoadas. Eles ressaltam que essa tecnologia já existe, mas tem sido deixada de lado.