China usa “pipa gigante” para limpar lixo espacial na órbita da Terra
Engenheiros da Academia de Tecnologia de Naves Espaciais de Xangai (SAST), na China, conseguiram implantar uma enorme “vela de desorbitação” nos restos de um foguete lançado recentemente.
Com a vela aberta – parecendo com uma “pipa gigante” no espaço –, os restos do foguete passam a ter uma área de superfície maior, fazendo com que eles sofram mais arrasto atmosférico. Isso faz o objeto perder velocidade mais rapidamente, e queimar ao reentrar na atmosfera. O projeto é um esforço do país para reduzir a quantidade de lixo espacial em órbita terrestre.
O dispositivo foi instalado na cápsula que protegia os satélites da missão Yaogan-35, durante o lançamento do foguete Long March-2D, no último dia 23 de junho. Após liberar os satélites, a vela de 25 metros quadrados foi desdobrada com sucesso no dia 26 de junho.
A vela de arrasto é de baixo custo, sendo feita de materiais extrafinos, com uma espessura inferior a um décimo do diâmetro de um fio de cabelo. Segundo a SAST, esse tipo de vela permite que uma cápsula de carga útil de 300 kg reentre na atmosfera em até dois anos, em vez de ficar orbitando o planeta por várias décadas.
Por ser leve e facilmente extensível, isso significa que o sistema poderá ser instalado a bordo de foguetes e satélites. O sistema já tinha sido testado antes em um pequeno satélite, em 2019, com uma vela menor, de 2,25 metros quadrados (como você vê na imagem que ilustra esta matéria).
Os perigos do lixo espacial
Vale lembrar que a China não é a única preocupada com o problema do lixo espacial. Uma empresa japonesa anunciou recentemente que está desenvolvendo um sistema que remove satélites inoperantes da órbita da Terra, por meio de um sistema de acoplamento magnético.
Além dos chineses, a Agência Espacial Europeia (ESA) também pretende utilizar a tecnologia de velas de desorbitação, conforme sinaliza o tuíte abaixo.
Drag sails unfurl at the end of a spacecraft’s mission to speed up its decent and burn up in Earth’s atmosphere.
This reduces the risk of it colliding with an active satellite or breaking up into a cloud of dangerous #spacedebris. pic.twitter.com/RtEefiBGcB— ESA Operations (@esaoperations) April 28, 2021
Como destaca a revista Newsweek, dos quase 5 mil satélites que estão em órbita da Terra, apenas 2 mil ainda permanecem operacionais. Além disso, existem cerca de 27 mil detritos ao redor do planeta, incluindo fragmentos e partes de foguetes, com tamanhos entre 1 milímetro e vários metros. Além do risco de colisões, o lixo espacial tem potencial para provocar acidentes envolvendo estações e naves espaciais tripuladas.