Racismo e assédio já são reais no Metaverso

Por mais que o mundo virtual seja divertido, ele também tem se tornado tóxico.

Por mais que o Metaverso seja promovido como um ambiente divertido, inclusivo e utópico, ele também deverá refletir problemas do mundo online — como o racismo, sexismo e até assédio.

Segundo usuários, ao comparar avatares digitais com diferentes raças, gêneros e cores de pele, é possível perceber discrepâncias em seus preços. Em uma coleção popular de NFTs, conhecida como CryptoPunks, os avatares femininos e com pele mais escura tendem a ser vendidos por valores menores do que aqueles com traços masculinos ou pele clara.

Por um lado, os investidores da CryptoPunk dizem que a diferença de preços não tem relação direta com preconceito ou racismo, mas apenas o fato de que as pessoas estão dispostas a pagar por esse ativo digital não querem um avatar que não se pareça com elas. Como a rede blockchain ainda é majoritariamente utilizada por homens brancos, a exclusividade e a escassez fazem impulsionar os preços de avatares masculinos e de pele clara.

Especialistas, porém, alertam que apessoas marginalizadas costumam sofrer mais danos devido às consequências indesejadas das novas tecnologias. Há, por exemplo, várias denúncias recentes de que algoritmos discriminatórios tem reduzido o alcance de publicações de negros, privilegiando o rosto de pessoas brancas em recortes automáticos de fotos — ou reconhecendo automaticamente uma pessoa negra como um gorila.

Ambiente tóxico

Em jogos multiplayer atuais, tem se tornado comum o assédio contra jogadores adversários e até contra os próprios membros da equipe. Com vários microfones abertos e pessoas falando ao mesmo tempo, às vezes é difícil identificar aquele usuário responsável pelas ofensas.

Por mais que muitos games incentivam os usuários a serem legais uns com os outros, não existem tutoriais nos jogos ensinando mecanismos de fácil acesso para silenciar jogadores, denunciar usuários abusivos ou encontrar ferramentas de segurança.

Ao criar um mundo digital 3D — onde pessoas podem jogar, trabalhar, aprender e socializar — a moderação de conteúdo ficará mais necessária, mas não menos complexa. Hoje, a própria Meta tenta combater o discurso de ódio e assédio no Facebook. Entretanto, os espaços imersivos serão muito mais desafiadores, o que vai requerer novas e engenhosas medidas de moderação.

 

 

Hemerson Brandão

Hemerson Brandão

Hemerson é editor e repórter, escrevendo sobre espaço, tecnologia e, às vezes, sobre outros temas da cultura nerd. Grande entusiasta da astronomia, também é interessado em exploração espacial e fã de Star Trek.

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