Reator chinês, conhecido como “sol artificial”, bate recorde mundial

Experimento manteve plasma por quase 7 minutos. Avanço do reator chinês dá novo passo em direção à fusão nuclear e a geração de energia limpa
Reator chinês, conhecido como "sol artificial", bate recorde mundial
Imagem: Xinhua/Liu Junxi/Reprodução

A China anunciou que conseguiu gerar e manter um fluxo de plasma no interior de um reator de fusão nuclear por quase sete minutos. O novo recorde mundial é um grande avanço para o desenvolvimento de novas formas de produção de energia limpa.

O feito foi realizado pelo projeto EAST (Supercondutor Avançado Experimental Tokamak, na sigla em inglês), instalado no Centro de Física de Plasma da Academia Chinesa de Ciências, no leste do país. Ele consiste em desenvolver um reator com capacidade de gerar energia a partir da fusão de átomos deutério – um processo similar ao que ocorre no interior do Sol.

Na última quarta-feira (12), o EAST conseguiu manter a operação de um plasma extremamente quente e altamente confinado por 403 segundos. O recorde anterior foi conquistado pelo mesmo reator, em 2017, quando ele sustentou o plasma por 101 segundos.

O objetivo dos pesquisadores é desenvolver uma tecnologia que permita construir futuros reatores nucleares de alta eficiência e também com baixo custo.

“O principal significado deste novo avanço está em seu ‘modo de alto confinamento’, sob o qual a temperatura e a densidade do plasma aumentam significativamente”, disse Song Yuntao, diretor do centro de pesquisa, ao Global Times.

O EAST funciona desde 2006. Desde então, ele já experimentou cerca de 120 mil experimentos. Em 2018, por exemplo, o reator foi responsável por quebrar um recorde ao conseguir conter o plasma por quase 18 minutos a uma temperatura próxima de 70 milhões de graus Celsius. Porém, o modo de operação era diferente do realizado neste novo recorde.

Ao contrário dos combustíveis fósseis (como carvão, petróleo e gás natural), um reator de fusão nuclear usa átomos de deutério encontrados nos oceanos — uma matéria-prima quase ilimitada. Outra vantagem desse tipo de reator é que ela não gera gases poluentes ou lixo nuclear, como acontece com usinas nucleares de fissão.

Por outro lado, para funcionar, os cientistas precisam criar uma tecnologia que permita aquecer e manter o deutério a uma temperatura de dezenas de milhões de graus, além de gerar mais energia do que o reator recebe para funcionar. Isso requer uma série de avanços tecnológicos em diversas áreas.

Atualmente, o EAST é apenas uma plataforma experimental para o futuro CFETR (Reator de Teste de Engenharia de Fusão da China), que deve entrar em operação em 2035 e que almeja o título de o primeiro reator de demonstração de fusão nuclear do mundo.

Hemerson Brandão

Hemerson Brandão

Hemerson é editor e repórter, escrevendo sobre espaço, tecnologia e, às vezes, sobre outros temas da cultura nerd. Grande entusiasta da astronomia, também é interessado em exploração espacial e fã de Star Trek.

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