Relatório aponta falhas do Facebook no combate a posts falsos de mudanças climáticas
O Facebook não consegue sinalizar desinformação sobre as mudanças climáticas da forma que deveria. É o que indica um relatório feito pelo Center for Countering Digital Hate, em parceria com o Institute for Strategic Dialogue.
O CCDH é uma organização britânica sem fins lucrativos que monitora e faz lobby (pressão sobre algum poder da esfera política) contra o ódio e a desinformação online.
Segundo o relatório, de 7 mil posts enganosos descrevendo as mudanças climáticas e seus efeitos como “histeria”, “alarmismo”, um “golpe” ou outros termos relacionados, apenas 8% foram marcados como desinformação. O estudo foi revisado manualmente pelos pesquisadores, que confirmaram que não nenhuma informação equivocada passou batido.
O CCDH analisou uma amostra de postagens do ano passado que atraiu cerca de 700 mil curtidas e compartilhamentos. Os pesquisadores usaram a ferramenta de análise de mídia social Newswhip para pesquisar sequências de palavras-chave — como mudanças climáticas, aquecimento global, fraude, embuste, golpe, mentira e outras.
Apesar da maioria dos propagadores de negação do clima identificados pela CCDH estarem nos Estados Unidos, pessoas do Brasil, Índia, Polônia, Haiti, México, Tailândia, Rússia, França e Alemanha estavam entre os principais telespectadores e fomentadores de desinformação.
No relatório, o CCDH disse não saber dizer ao certo a proporção exata da desinformação climática na rede social, mas alertaram que o conteúdo da conspiração climática está se espalhando sem ser rotulado ou removido pelo Facebook. Vale lembrar que o Facebook se comprometeu a sinalizar todo conteúdo de negação climática no início de 2021.
A Meta, empresa que controla o Facebook, contestou a metodologia que o CCDH usou para compilar seu último estudo. “As 700.000 interações que este relatório diz serem sobre a negação do clima representam 0,3 por cento das mais de 200 milhões de interações no conteúdo público em inglês sobre mudanças climáticas de páginas e grupos públicos no mesmo período”, disse um porta-voz da empresa.