A linha G da Motorola chega a sua sexta edição e em grande estilo. Lembra do primeiro Moto G? Um aparelho pequeno e com um preço super camarada, na casa dos R$ 500. Bem, o mundo mudou, a série foi ganhando corpo e um recheio mais parrudo a cada ano. O resultado disso é um telefone sólido e com preço na casa dos R$ 1.000.
Por algumas semanas, deixei meu Pixel 2 de lado para analisar o Moto G6 (32 GB/3 GB de RAM) puro sangue (nada de Play ou Plus). Minha ideia foi tentar entender para quem esse smartphone é recomendado e se, como sugere a música homônima também usada nas peças publicitárias do aparelho, você vai se sentir descolado com um G6.
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Design
Estamos lidando aqui com um intermediário. Só que essa divisão é tão esquisita que você pode ter aparelhos de gama média que custam entre R$ 1.000 e quase R$ 2.500, dependendo da fabricante e especificações. O preço médio que o brasileiro gasta em um smartphone, segundo dados da consultoria IDC, é de R$ 1.222. Então, acho que dá para dizer que o Moto G6 é um “intermediário de entrada” com seu preço sugerido de R$ 1.299 no site da Motorola (no varejo, você consegue achar mais barato).
Mesmo assim, ele tem um acabamento decente de vidro 3D arredondado na traseira. O formato é interessante, pois ele dá mais pegada ao aparelho, mas não é tão legal quando eu o coloco sobre uma mesa — nessa situação, ele fica muito suscetível a quedas. Para torná-lo menos escorregadio e até para a preservação do corpo do aparelho, a Motorola fornece uma capinha transparente fina para ajudar na tarefa, além de proteger a traseira do bichão — lembre-se, essa parte é revestida de vidro.
A tela FullHD de 5,7 polegadas dá conta do recado com um bom nível de brilho, capaz de ser visualizada mesmo sob forte luz do sol. Além disso, mesmo sendo grandão, ele tem boa ergonomia — mesmo para quem tem mãos pequenas.
O clique nesse horário não foi proposital. Crédito: Giovanni Santa Rosa/Gizmodo Brasil
Ele tem porta USB-C, mas, pelo menos nesse modelo, a Motorola manteve a entrada de fone de ouvido convencional — aliás, junto com o kit do aparelho, há um fone de ouvido que quebra o galho.
Moto G6 tem entrada para fone de ouvido convencional e porta USB-C. Crédito: Giovanni Santa Rosa/Gizmodo Brasil
Moto G6
Processador: Qualcomm Snapdragon 450 (octa-core de 1,8 GHz)
Sistema: Android 8.0
Memória: 32 GB (com 3 GB de RAM)/64 GB (com 4 GB de RAM) — ambos expansíveis até 256 GB com cartão de memória
Câmeras: 12 megapixels f/1.8+ 5 megapixels f/2.2 (traseira) e 8 megapixels (frontal) f/2.2
Tela: 5,7” FHD Max Vision (18:9)
Bateria: 3.000 mAh
Dimensões: 153,7 x 72,3 x 8,3 mm (A x L x P)
Peso: 162,5 gramas
Portas: fone de ouvido convencional e USB-C
Sensor biométrico na frente
Preço: R$ 1.299 (32 GB) e R$ 1.499 (64 GB)
Usando
A Motorola continua com a tradição de colocar o mínimo possível de aplicações invasivas. Então, você basicamente tem o Android Oreo puro com um ou outro truque da marca. Um deles é o filtro de luz azul, velho conhecido de quem tem dispositivos Motorola, que reduz a emissão de luzes dessa cor que, costumam cansar a vista em excesso ou mesmo tirar o sono. É louvável tal funcionalidade, mas não chega a se comparar com outras soluções de filtro, como a presente no Pixel 2, que deixa a tela com tons mais avermelhados.
Sabemos que em algum momento, a partir do quarto trimestre de 2018 ele deve ser atualizado — a própria Motorola informou durante a liberação do Android Pie — porém, resta saber quando exatamente vai rolar isso. Aguardemos e oremos.
De modo geral, o aparelho apresentou um desempenho bem aceitável. A única coisa que me incomodava é a leve lentidão na transição de telas e na rolagem de página de aplicativos. Lógico, estou falando aqui de pequenos engasgos e não tilts nervosos que precisam reiniciar o aparelho. Nada que comprometa significantemente a tarefa de navegar na web, em aplicativos de redes sociais ou mesmo jogar alguns games.
Chama a atenção que dos aparelhos lançados neste ano, a linha G6 é uma das últimas a ter o sensor de digital na frente. O processo de leitura da digital para liberação do aparelho era bem rápida, mas tive alguns problemas.
O sensor é muito próximo da tela. Então, em alguns momentos, acabei tocando no botão virtual home. Crédito: Giovanni Santa Rosa/Gizmodo Brasil
Primeiro, no processo de cadastramento. O espaço destinado ao sensor é muito pequeno e muito próximo da tela. Ao ter que tocar vários vezes no leitor no durante a configuração, às vezes, meu dedo tocava a tela, bem na área destinada ao botão home. Então, tive que refazer isso várias vezes. Em outras ocasiões, o aparelho era bloqueado e eu queria retomar no app que estava aberto. Só que eu desbloqueava e meu dedo novamente tocava o botão home.
É interessante notar que com o tela ocupando cada vez mais espaço na frente do aparelho, ter um sensor de biometria na “borda inferior” começa a perder o sentido. Quem sabe com os leitores localizados sob a tela as coisas não mudam, né?
Apesar de não curtir muito jogar em smartphones, decidi gastar um tempo para baixar o gigante jogo de corrida Asphalt 9 que exige bastante armazenamento (o download do jogo fica na casa dos 1 GB) e desempenho gráfico. Mesmo equipado com um chip Snapdragon 450 (lembre-se, quanto maior o número, melhor; o Pixel 2 tem o Snapdragon 835), as transições do jogo eram boas e, mesmo em momentos de barbeiragem (como voos seguidos de aterrissagem em carros lentos na pista), rolava tudo legal.
Voltando à história do processador, que não é das linhas mais tchãns da Qualcomm, o chip presente no G6 tem como uma das características um bom controle de bateria. Em meus testes, consegui sair de casa às 7h para o aparelho só pedir carga por volta das 23h. Passei boa parte desse tempo usando redes sociais (Facebook e Twitter), o Slack e ainda ouvi músicas online no Spotify durante meus trajetos. Obviamente que não foi um uso contínuo, mas isso dá uma ideia do que é possível esperar.
De qualquer jeito, colocar um processador lançado em junho de 2017 em um aparelho de 2018, talvez seja interessante apenas pela questão do custo. Repito: o desempenho é bom e o dispositivo não apresentou travamentos significativos. Com ele era assim: missão dada, missão cumprida. No entanto, um processador menos potente significa menos longevidade para o seu smartphone. Se isso vai ser um problema para você, depende muito do seu uso.
Câmera
Algo bacana do G6 é que ele conta com um conjunto decente de câmeras. Para começar, se você gosta de tirar selfie, o sensor frontal de 8 megapixels com abertura f/2.2 tira fotos ok. Em ambientes escuros, você pode utilizar o flash embutido.
Já na traseira, o conjunto de sensores de 12 megapixels (f/1.8) e 5 megapixels (f/2.2) faz um trabalho aceitável para essa categoria de aparelhos. Senti um pouco de lentidão ao acionar a câmera e, como em todo aparelho custo benefício, em condições de tempo boas (iluminadas e durante o dia), as fotos ficam com boa definição. O foco automático funciona bem.
Sim, o Moto G6 tem um conjunto de câmera que lembra um carinha. Crédito: Giovanni Santa Rosa/Gizmodo Brasil
A maioria das imagens foram tiradas em modo HDR — devo admitir que não tenho muita paciência para usar o modo manual de câmera de smartphone, pois se eu quiser tirar uma foto boa, eu pego minha DSLR. No smartphone quero um registro do momento e com uma qualidade aceitável.
Em fotos em ambientes mais escuros, ocorre granulação e em áreas iluminadas, a região fica com a luz estourada. Apesar disso, quando fui tirar fotos em um jardim no escuro, o flash cumpriu bem seu dever e o sensor fez até que um bom balanço de cor/iluminação para o objeto em foco.
Como nos aparelhos topo de linha do ano passado, a Motorola inseriu vários modos de câmera, como a possibilidade de remover fundo, escolher uma cor de destaque, inserir efeitos animados, escâner de texto e modo retrato de qualidade ok — nas poucas imagens que tirei nesse modo, houve um certo problema na definição da forma do objeto.
Captura de tela das opções de câmera do Moto G6
Abaixo, você pode ver algumas fotos (sem edição; apenas corte) que tirei com o aparelho:
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Conclusão
Com as empresas cada vez mais apostando na linha intermediária para fazer volume de vendas e com as linhas premium ficando caríssimas, linhas como a G, da Motorola, ou mesmo a J, da Samsung, passam a ser opções interessantes.
O Moto G6 mostra que é possível ser um aparelho não tão caro e com um visual bacana (descolado como um G6, para retomar a piada do início do texto). Penso que esse aparelho seja para quem precisa do básico e queira tirar fotos aceitáveis em ambientes bem iluminados. O principal ponto negativo fica por conta do processador, que poderia ser uma versão melhor. De modo geral, quebra bem o galho, mas resta saber por quanto tempo que o smartphone vai segurar a bronca com apps que exigem cada vez mais processamento, sobretudo se você quiser se aventurar em aplicativos que exigem muito poder de hardware.
Se você fica no básico, o aparelho deve atender bem às suas expectativas.
Imagem do topo: Giovanni Santa Rosa/Gizmodo Brasil