[Review] Quantum GO: uma boa alternativa com algumas falhas
O mercado brasileiro de smartphones ficou mais disputado nos últimos anos. Lá em 2013, a Motorola lançou vários produtos de bom custo-benefício, e de lá para cá, Asus e Xiaomi chegaram com opções bastante interessantes. A mais nova a se aventurar no ramo é a Positivo, que pretende emplacar uma nova marca, a Quantum. Testamos o primeiro lançamento e contamos para você como ele funciona.
O que é?
O Quantum GO é o primeiro smartphone da Quantum, nova unidade de negócios da Positivo, que surgiu a partir da iniciativa de três ex-funcionários da empresa. A ideia é fazer um smartphone barato e, inspirado nos casos de sucesso vindos da China, ter venda direta para o público.
Estas são as especificações técnicas do Quantum GO:
– tela AMOLED de 5 polegadas e resolução HD (1280×720 pixels),
– processador MediaTek MT6753 com oito núcleos de 64 bits rodando a 1,3 GHz (no modelo 4G; o modelo 3G tem uma versão de 32 bits),
– 2GB de RAM,
– câmeras de 13 e 5 megapixels,
– bateria de 2.300 mAh suporte a dois chips,
– versões com 3G e 4G (já compatível com as faixas de 2600 MHz, 1800 MHz e 700 MHz)
– versões com armazenamento interno de 16GB e 32GB (ambas com suporte a cartão microSD de até 32 GB).
O Quantum GO é vendido em três versões diferentes: 3G com 16 GB, por R$ 699; 3G com 32 GB, por R$ 799; 4G com 32 GB, por R$ 899.
Design
Poderíamos resumir o Quantum GO com um “ele parece um Sony Xperia”. A frente e a traseira são retas, o modelo é quadrado com cantos e bordas arredondadas e tem “sobras” acima e abaixo da tela. No lado direito, ficam os botões de volume e ligar/bloquear, um pouco moles. Na parte de cima do aparelho, a entrada microUSB e a saída de áudio.
A localização do USB é ligeiramente ruim porque atrapalha na hora de usar o smartphone conectado a uma tomada, já que o cabo prende a parte de cima do aparelho. Tirando este detalhe, o GO chama a atenção positivamente pelo fato de ser muito leve: não incomoda no bolso e é bom de segurar.
Os slots para chips de operadora (2 microSIM) e cartão de memória microSD são bandejas que precisam de uma chave para serem liberadas do aparelho. As bandejas em si são completamente vazadas, e você vai precisar de um pouco de paciência para conseguir encaixar seu chip ali e não deixá-lo cair enquanto o coloca no aparelho.
O revestimento da traseira é liso e reluzente. Lado ruim: ele é muito escorregadio. Muito mesmo. Certifique-se de que a superfície em que você deixou o Quantum GO é realmente plana, pois do contrário ele escorrega. Minha impressora, por exemplo, tem uma leve curva. Eu costumo deixar meu Moto G (ou qualquer outro aparelho que esteja testando) sobre ela. O Quantum GO foi o único a escorregar até hoje.
Lado bom: mesmo com muitos tombos (foram uns 20 em três semanas), o aparelho não quebrou, não trincou a tela, e apenas teve alguns poucos e quase imperceptíveis riscos na traseira.
Usando
No lançamento, os executivos responsáveis pela criação da Quantum e do primeiro smartphone da marca disseram que o Quantum GO não tinha alterações no Android. Isso não é exatamente verdade: o Android 5.1 Lollipop recebeu algumas alterações; pequenas mudanças, mas recebeu.
A gaveta de configurações rápidas tem algumas opções a mais, incluindo uma chamada “Intervalo” que muda o tempo que a tela permanece ligada, o que me pareceu meio inútil; e outra que dá acesso rápido ao consumo de dados no mês, o que é bem bacana.
Alguns ícones foram trocados por outros que lembram o padrão da Zen UI, da Asus. Há alguns apps extras: uns são interessantes, como o DashCam, que transforma o aparelho em uma câmera para painel de carro e coloca a câmera para gravar enquanto libera o smartphone para outras atividades; outros, nem tanto, como o Selfie, que é um app que… abre a câmera frontal.
O software da câmera, aliás, foi bem mudado. Falaremos mais sobre isso quando formos tratar da câmera, mas num primeiro momento, ele parece ser bem básico. A economia de energia também ganhou alterações: há uma opção de otimizar uso de bateria em segundo plano, que vem ativada por padrão (e que eu não desativei) e um modo monocromático, que deixa a tela em preto, branco e tons de cinza, que pode ser ativado automaticamente junto ao modo de economia nativo do Android.
Alterações de Android à parte, vamos ao uso. O desempenho do Quantum GO é, na soma das partes, bom. Digo na soma das partes porque ele varia entre extremos: se comporta muito bem em boa parte do tempo, abrindo apps com boa velocidade e alterando rapidamente entre tarefas. O conjunto formado pelos 2 GB de RAM e o processador MediaTek, que usa os oito núcleos ao mesmo tempo, funciona bem na maior parte do tempo.
O problema é, que quando ele não funciona tão bem, ele trava mesmo. O Quantum GO travou com uma frequência maior que dos outros Androids que já testei no Gizmodo Brasil. E não é apenas uma lentidão ou engasgo: ele trava completamente, parando de responder a toques nos botões virtuais e até mesmo no botão de desligar a tela. Aí, não tem o que fazer a não ser esperar ele voltar ao normal — é estranho, mas ele voltava ao normal como se nada tivesse acontecido.
A tela é um painel AMOLED de 5 polegadas e resolução HD. Como o LCD é mais frequente nos aparelhos de hoje, num primeiro momento eu achei as cores saturadas demais. Passado o estranhamento, pude ver que a tela muito boa, com contraste e saturação excelentes. No entanto, o brilho me pareceu exagerado em alguns momentos e insuficiente em outros. O sensor de luminosidade parece um pouco desregulado e não compensa direito as diferenças de iluminação dos ambientes e períodos do dia.
Um problema que eu encontrei no Quantum GO foi o GPS. É até estranho falar nisso: geralmente o GPS de qualquer smartphone que eu testo passa despercebido, sem problemas. É uma parte dos smartphones que simplesmente… funciona. O Quantum GO é o primeiro em que o GPS se mostrou um pouco problemático.
Mesmo no modo de alta precisão, ele demora a perceber onde você está, e nem sempre é exato. O Waze sempre achava que eu estava numa rua paralela; o Runkeeper achou que minha caminhada partiu de um quarteirão de distância a mais de onde eu realmente estava. Claro, os dois apps funcionam, mas é estranho passar por isso num aparelho hoje em dia.
A bateria tem 2.300 mAh e, para quem usa muito o smartphone, como é o meu caso, a duração é um pouco apertada. Era o suficiente para chegar em casa com 10% de bateria e nada além disso. O lado bom é que o modo de economia de energia, como dissemos, vem com uma opção de deixar a tela monocromática. E não é que funciona? Dá para notar que a bateria passa a descarregar numa velocidade bem menor. E o smartphone continua usável, apesar das limitações impostas do modo de economia nativo do Android.
Por fim, o Quantum GO tem TV digital sem resolução HD (o Moto G de terceira geração tem HDTV). Além disso, ele não usa seu fone de ouvido como antena: você precisa de um dongle que se conecta na porta microUSB. Eu achei a solução pouco prática: se você esqueceu o tal do dongle em casa, vai perder o jogo ou a novela.
Câmera
Como falei acima, o software da câmera é bem básico: ícones meio espaçados demais, algumas configurações como a compensação de exposição escondidas em menus. É pouco prático.
A qualidade das imagens é aceitável, com bom nível de detalhes e pouco ruído, quando há boas condições de iluminação. À noite, as fotos saem bem borradas e quase sem foco. Aliás, o software da câmera tem uma tendência chata a estourar alguns pontos mais claros e dificuldade em focalizar corretamente objetos em algumas situações.
Gostamos
O design é certamente o ponto forte do Quantum GO. Ele é bonito, parece ser um modelo premium custando bem menos de R$ 1.000, é leve, fica bem na mão, fica bem no bolso. Tirando o fato de ser super escorregadio, que causou alguns testes de queda acidentais, a Positivo acertou em cheio nele – e ele sobreviveu a todos, ponto para a resistência.
A tela também é boa, e o truque de deixar o display monocromático para poupar bateria é muito bem pensado.
Não gostamos
O que mais me deixou irritado foi o GPS. 2015, gente. Um GPS tem que funcionar direito. Por favor. É o mínimo.
Vale a pena
Sabe aquele restaurante em que a comida não é a melhor, mas é barato e perto do seu trabalho? O Quantum GO é a versão smartphone daquele restaurante: pode ter seus defeitos, mas entrega bastante pelo que cobra.
O modelo que nós testamos é a combinação de topo de linha, com 32 GB de armazenamento interno, 2 GB de RAM, 4G e TV digital, e custa R$ 899 à vista. A Motorola cobra mais do que isso pelo Moto G de terceira geração com 8GB de armazenamento interno, 1 GB de RAM e sem TV digital.
O Quantum GO tem defeitos? Tem. A impressão que dá é que faltou lapidar o aparelho e aperfeiçoar alguns pontos, como câmera e GPS. Por outro lado, ele entrega um pacote generoso de RAM, armazenamento interno e processador. É uma ótima pedida, ainda que a comida do restaurante ao lado seja mais saborosa (e mais cara).