As grandes estruturas e, principalmente, riscos para escavar túneis podem estar com os dias contados – pelo menos para os humanos. A startup britânica hyperTunnel está desenvolvendo robôs para fazer esse trabalho.
Especialistas da empresa disseram à revista Wired que a indústria “clama” por soluções tecnológicas para reduzir custos e aumentar a eficiência. Apesar de ainda estarmos um tanto longe da implementação dessas tecnologias, uma coisa é certa: elas estão cada vez mais perto.
A solução da hyperTunnel é que robôs de até 3 metros de comprimento, em forma de cilindro, vibrem no solo por meio de tubos pré-perfurados. Essas tubulações, de até 250 milímetros de diâmetro, seguiriam o contorno das paredes de onde deveria ser o túnel.
Dentro deles, os robôs usariam um braço robótico para penetrar na terra e escavar os locais dos túneis a serem preenchidos com concreto. Assim, peça por peça, nasceria um novo túnel – praticamente sem a necessidade de escavadores humanos.
“Estamos falando de milhares deles”, explicou o diretor de engenharia da startup, Patric Lane-Nott. “Seria parecido com uma colônia de formigas ou de cupins, que funciona em enxames”.
Na prática, seria como construir túneis “ao contrário”: primeiro colocam o túnel no chão e depois cavam o buraco ao redor dele. Depois da estrutura pronta, o material que preenche a câmara pode ser removido. Na técnica atual, primeiro se cava o buraco e depois vão os suportes ou paredes.
Desafios pelo caminho
A vantagem, segundo Lane-Nott, é que o processo envolveria menos material de construção. O motivo: em vez de colocar uma espessura padrão de parede ao longo de todo o comprimento do túnel, os robôs conseguem adequar a espessura externa para se adequar à geologia real e as pressões de cada local individualmente.
Essa tecnologia não seria só útil para o transporte, mas também para instalar linhas de energia no subsolo. Em boa parte do mundo, a maioria dos cabos de transmissão continua em cima da terra, deixando-os expostos a tempestades e incêndios, por exemplo.
Apesar do plano ser bastante interessante, ainda há questões para melhorar. Há dúvidas sobre a resistência dos robôs em escavar túneis nos territórios com geologias mais complexas ou terrenos alagados, por exemplo.
Rochas extremamente resistentes, como granito e quartzito, também podem dificultar a escavação dos robôs. Por isso, a aposta agora é na tecnologia de tocha de plasma – método para aquecer a rocha a 6.000ºC –, com o intuito de explodir a rocha. Isso poderia permitir a criação de túneis 100 vezes mais rápido que a tecnologia atual.
A norte-americana EarthGrid desenvolve um protótipo de robô com 5 tochas de plasma para este tipo de escavação. A previsão do início dos testes é para março de 2023.