Rochas do lado oculto da Lua chegam à Terra pela 1ª vez
Na terça-feira (25), a sonda chinesa Chang’e 6 voltou à Terra trazendo rochas do lado oculto da Lua pela primeira vez na história da exploração espacial.
Além disso, vale ressaltar que a China ainda é o único país a pousar no lado oculto da Lua, com a missão Chang’e 4, em 2019. Agora, cápsula de reentrada da Chang’e 6 trouxe os primeiros materiais do lado oculto da Lua.
Segundo a Administração Espacial Nacional da China (CSNA), a cápsula trouxe dois quilos de sedimentos e rochas lunares da cratera mais antiga da Lua.
Essas rochas do lado oculto da Lua tocaram o solo do Distrito de Sizawang, na região autônoma da Mongólia Interior, no norte da China, às 14h07 do horário local.
O feito é histórico porque, tecnicamente, é mais difícil chegar ao o lado oculto da Lua – que fica “de costas” para a Terra –, devido à distância e ao terreno complicado por crateras gigantes.
Por isso, o lado oculto da Lua foi um dos principais interesses dos cientistas, pois sua exploração poderia comprovar a tese da presença de gelo na Lua e, consequentemente, água, oxigênio e hidrogênio.
Chang’e-6
O lançamento da missão Chang’e-6 ocorreu no dia 3 de maio, com a nave pousando na Lua cinco dias depois. No dia 2 de junho, a sonda chegou à cratera de impacto Apollo, na Bacia Aitken do hemisfério Sul da Lua, conduzindo explorações no terreno durante dois dias.
Ironicamente, a cratera tem esse nome em homenagem às missões da NASA, mas a China afirmou que escolheu o local pelo valor de exploração científica e pela facilidade de pouso.
Após completar a coleta das rochas do lado oculto da Lua, a Chang’6 iniciou seu retorno à Terra. Na última sexta-feira (21), as amostras foram transferidas para capsula de reentrada.
China’s Chang’e-6 lunar probe has touched down on Earth, bringing back the world’s first rock samples from the far side of the moon. Read more: https://t.co/SFgdXAXqP3 pic.twitter.com/FY7FTFCBss
— South China Morning Post (@SCMPNews) June 26, 2024
Potencial científico
O retorno da Chang’e 6 à Terra, trazendo rochas do lado oculto da Lua, certamente, é um motivo de orgulho nacional para a China. O país asiático conseguiu realizar algo que o seu principal rival, os EUA, não fez, mesmo começando a exploração lunar décadas antes.
Aliás, segundo Yang Wei, geoquímico no Instituto de Geologia e Geofísica de Pequim, essas amostras do lado oculto da Lua serão diferentes de “todas as rochas anteriormente coletadas pelos EUA e pela União Soviética”, que vieram do lado visível.
De acordo com a imprensa estatal chinesa, uma parte das amostras das rochas do lado oculto da Lua ficarão armazenadas permanentemente. O resto será distribuído para pesquisadores da China e do exterior, que vão comparar a composição do das rochas do lado oculto com as do lado visível da Lua.
Corrida espacial do século XXI
“Novas amostras vão, inevitavelmente, gerar novas descobertas. Os cientistas chineses estão animados com a oportunidade de poder contribuir para a ciência lunar”, disse Wei.
No entanto, devido às animosidades, dificilmente, haverá a participação de cientistas americanos na pesquisa das rochas do lado oculto da Lua. Uma emenda constitucional de 2011 proíbe a NASA de usar fundos do governo americano para cooperação bilateral com China.
As próximas missões da China vão explorar o polo sul da lua em busca de água e outros recursos. Além disso, a expectativa é que a primeira missão à Lua com tripulantes ocorra em 2030. Eventualmente, a China planeja construir uma base internacional no polo sul da Lua.
Os EUA também miram o polo sul da Lua na missão tripulada Artemis, prevista para 2027. Além dos dois rivais, a India, que realizou o primeiro pouso na Lua no ano passado, também está na corrida, que inclui Rússia e Japão.
A Rússia lançou a Luna-25, em agosto do ano passado, mas fracassou quando a nave apresentou uma falha e colidiu contra o solo da Lua. Em contrapartida, o Japão se tornou o quinto país a pousar na Lua em janeiro deste ano.
Segundo analistas, a próxima corrida espacial não vai ser somente sobre levar pessoas à Lua, mas também sobre quem vai conseguir controlar os recursos lunares.