Esta sonda interestelar iria mais longe no espaço do que qualquer coisa já construída

A sonda proposta pelos pesquisadores, que seria lançada no início de 2030, chegaria ao limite da heliosfera em 15 anos.
A sonda, se aprovada e financiada, pode ser lançada no início de 2030. Ilustração: Johns Hopkins APL

Há quatro anos em construção, um conceito de missão pragmática para uma sonda interestelar iria além da missão interestelar Voyager, na qual duas espaçonaves deixaram a Terra na década de 1970 e agora são os objetos de fabricação humana mais distantes. A equipe por trás do projeto detalhou sua proposta na segunda-feira (26) na assembleia geral anual da União Europeia de Geociências.

Esta sonda passaria a heliosfera do sistema solar, a área ao nosso redor onde os ventos solares desempenham um papel, preenchendo o espaço com radiação e campos magnéticos. (A magnetosfera da Terra nos protege de muito disso, e a ausência de tal esfera em Marte e Vênus é clara em sua evolução planetária divergente). Até certo ponto, a heliosfera também atua como um abrigo protegendo nosso sistema solar da radiação interestelar.

“A sonda interestelar representa esse retrato no tempo, de onde estamos na jornada solar pela galáxia”, disse Pontus Brandt, astrofísico da Universidade Johns Hopkins e membro da equipe da sonda interestelar, durante a apresentação de segunda-feira. “Ao explorar a heliosfera e o meio interestelar hoje, em seu estado atual, a sonda interestelar nos permitirá entender como nosso lar na galáxia se formou e também para onde iremos em seguida.”

Uma das naves espaciais Voyager. Imagem: Nasa

O objeto de fabricação humana mais distante da Terra é a Voyager 1, lançada em 1977 e agora a mais de 152 unidades astronômicas (ua) de nós, em que uma “ua” é a distância média entre o Sol e a Terra. Em termos mais básicos, a Voyager 1 viajou mais de 22,5 bilhões de km até o momento, enquanto sua irmã, a Voyager 2, viajou mais de 18,8 bilhões de km. A New Horizons, lançada em 2006, está agora um pouco além de Plutão. A sonda proposta, que seria lançada no início de 2030, chegaria ao limite da heliosfera em 15 anos, sendo que as jornadas das Voyagers ao mesmo local levaram 35 anos. A sonda seria construída para durar 50 anos, com o objetivo final de fazê-la alcançar 1.000 unidades astronômicas, superando os avanços anteriores de espaçonaves humanas e mergulhando no meio interestelar — o grande vazio além do alcance de nosso Sol.

“A sonda interestelar irá para o desconhecido espaço interestelar local, onde a humanidade nunca alcançou antes”, disse Elena Provornikova, chefe de heliofísica da Sonda Interstelar do Laboratório de Física Aplicada Johns Hopkins em Maryland, em um comunicado à imprensa da União Europeia de Geociências. “Pela primeira vez, tiraremos uma foto de nossa vasta heliosfera de fora para ver como é a casa do nosso sistema solar.”

Um gráfico que mostra as distâncias relativas de objetos dentro de nossa heliosfera e além. Gráfico: Johns Hopkins APL

Um gráfico que mostra as distâncias relativas de objetos dentro de nossa heliosfera e além. Gráfico: Johns Hopkins APL

Para chegar a essa distância, a equipe propõe lançar a sonda ao redor de Júpiter, de maneira semelhante à Cassini. Isso é melhor do que atirar a sonda além do Sol, onde ela precisaria de um enorme escudo térmico para sobreviver, reduzindo o número de instrumentos científicos que a nave poderia levar em sua jornada.

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Os objetivos científicos da investigação são três. Conforme apresentado por Provornikova na segunda-feira, os cientistas querem entender melhor os processos físicos que moldam a heliosfera, como a atividade no meio interestelar afeta a heliosfera, além de descobrir e quantificar as propriedades do meio interestelar local.

No final deste ano, a equipe da sonda interestelar irá propor a nave à Nasa em um relatório abrangente. Esperamos que eles consigam o financiamento para seguir em frente.

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