Ciência

Como o sumiço do diabo-da-Tasmânia está mudando a genética deste marsupial

Estudo identificou alterações em genes de quolls que podem estar associados à queda da população de diabo-da-tasmânia, entenda
Imagem: Wikimedia Commons/ Reprodução

Quando a população de um animal do topo da cadeia alimentar diminui, aquelas espécies menores aumentam em número, uma vez que há mais recursos disponíveis e menos competição.

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Mas isso tem alguma influência genética nos animais que sobrevivem? Aparentemente, sim. Um novo estudo publicado na revista Nature Ecology & Evolution demonstrou que a diminuição da população de diabo-da-tasmânia está afetando a genética evolutiva de uma espécie de gato marsupial, também conhecido como quoll.

Entenda o contexto

O diabo-da-tasmânia é um animal nativo da ilha da Tasmânia, na Austrália. Sua alimentação carnívora e seus hábitos de caça noturnos são semelhantes ao quoll-de-cauda-manchada. No entanto, a primeira espécie é maior e mais agressiva, de forma que os quolls tendem a evitá-la.

Mas os diabos-da-tasmânia têm enfrentado um tipo infeccioso de câncer que se alastrou em sua população, dizimando quase 70% de seus representantes nos últimos 30 anos. Agora, pesquisadores analisaram como isso afetou seus concorrentes naturais, os quolls.

O que diz a pesquisa

No total, os cientistas examinaram mais de 3 mil variantes genéticas nos genomas de 345 quolls ao longo de 15 gerações. A ideia era identificar possíveis variações de genes que pudessem se associar à densidade populacional dos diabos.

Dessa forma, descobriram que os quolls de regiões com menos representantes de diabo-da-tasmânia tinham mais semelhanças genéticas. Além disso, identificaram 12 variantes genéticas que podem ter relação com a diminuição de seus concorrentes.

Elas estão associadas a características importantes, como o desenvolvimento muscular, o movimento e comportamento alimentar. 

Embora a distribuição desses genes entre os quolls-de-cauda-manchada esteja aumentando, a troca genética entre as populações está diminuindo. De acordo com especialistas, a falta de predadores como o diabo-da-tasmânia faz com que essas comunidades tenham que se movimentar menos, o que reduz as trocas entre elas.

E isso pode ter consequências evolutivas. Mas, por enquanto, os cientistas ainda não sabem quais são.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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