É provável que estejamos cada vez mais próximos de uma tecnologia capaz de fazer “leitura da mente”. Ou pelo menos é o que esperam os pesquisadores da Universidade Radboud, na Holanda.
Uma equipe do Instituto do Cérebro, Cognição e Comportamento desenvolve uma tecnologia para traduzir ondas cerebrais em imagens fotográficas. Em janeiro, um estudo publicado na revista Nature apresentou resultados positivos em um experimento.
Dois voluntários ficaram dentro de um scanner de ressonância magnética funcional de leitura cerebral – também conhecido como fMRI. Esses equipamentos são capazes de detectar a atividade cerebral de forma não invasiva, a partir de alterações no fluxo sanguíneo.
Lá dentro, os voluntários visualizaram imagens de rostos enquanto o fMRI “escaneava” a atividade dos neurônios nas áreas do cérebro responsáveis pela visão. Um algoritmo de inteligência artificial recebeu essas informações.
Aí é que está o pulo do gato: esse mecanismo foi capaz de construir uma imagem precisa do que se passava na cabeça dos voluntários com base nas informações da ressonância magnética.
Como resultado, o experimento identificou que o fMRI, junto com a inteligência artificial, conseguiu reconstruir as imagens mostradas aos voluntários quase que de forma idêntica.
Como a “leitura da mente” aconteceu
As imagens dentro do quadro tracejado são aquelas mostradas aos voluntários. Nas imagens S1 e S2, estão as fotografias “lidas” pela inteligência artificial do cérebro durante o experimento.
Resultados surpreendentes
Os pesquisadores ficaram impressionados com o experimento. Segundo a neurocientista cognitiva e coordenadora da pesquisa, Thirza Dado, isso abre margem para que os sistemas fMRI possam ler mentes efetivamente no futuro.
“Acreditamos que poderemos treinar o algoritmo não apenas para retratar com precisão um rosto que você está vendo, mas também qualquer rosto que imagine vividamente”, disse ao jornal britânico Daily Mail.
Isso seria útil para fazer um retrato falado mais preciso, por exemplo. Mas também para decodificar e recriar experiências subjetivas, como sonhos. “Esse conhecimento tecnológico também pode funcionar em aplicações clínicas, como a comunicação com pacientes em coma profundo”, afirmou.
Agora, a pesquisa quer usar a tecnologia para apoiar a restauração da visão em pessoas que ficaram cegas por doença ou acidente com o desenvolvimento de câmeras de implante cerebral.