Ciência

Tecnologia mRNA, do Nobel, está impulsionando pesquisa de tratamentos; veja quais

Desenvolvimento das vacinas contra COVID-19 impulsionou pesquisas com a tecnologia mRNA para tratar infecções graves e até o câncer
Imagem: CDC/ Unsplash/ Reprodução

Nos últimos três anos, depois do sucesso na geração rápida de vacinas contra a Covid-19, a tecnologia de RNA mensageiro deslanchou. Segundo a Nature, investidores injetaram bilhões de dólares na expansão das pesquisas para uso de mRNA em terapias de saúde.

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“O céu é o limite. Para corrigir ou tratar o que você quiser, pode haver um medicamento de mRNA – isso é emocionante”, disse à revista o imunologista Matthias Stephan, da Fred Hutchinson Cancer Center, nos EUA.

A promessa é de que o mRNA transforme a saúde pública, combatendo, por exemplo, doenças infecciosas de difícil tratamento, cânceres, além de distúrbios genéticos raros.

Inclusive, a bioquímica húngara, Katalin Karikó, e o imunologista norte-americano, Drew Weissman, receberam esta semana o Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina de 2023. Eles foram responsáveis por descobertas que possibilitaram o desenvolvimento de vacinas de RNA mensageiro.

O que é a tecnologia mRNA

Em geral, as vacinas feitas sob essa tecnologia injetam o RNA mensageiro — um tipo de ácido nucleico — no organismo de uma pessoa. Assim, o mRNA instrui as células a criar cópias de proteínas virais, também conhecidas como antígenos. 

Além disso, todo esse processo estimula o corpo a gerar anticorpos protetores e células imunes que combatem o vírus. 

Como o mRNA sintético pode ser projetado e fabricado em dias, a tecnologia permite que os pesquisadores tenham uma vacina eficaz em questão de semanas de desenvolvimento. 

Além disso, elas são fáceis de reformular, o que permite lidar com a natureza em constante evolução de vírus.

As futuras aplicações do mRNA

Além da Covid-19, a farmacêutica Moderna tem utilizado a tecnologia para enfrentar agentes infecciosos complexos. Até agora, ela testou vacinas de mRNA contra os vírus da varíola, Zika, Nipah e RSV (Vírus Sincicial Respiratório).

Mais recentemente, a empresa também começou ensaios clínicos de fase III para testar uma vacina contra o CMV (citomegalovírus), que há mais de 50 anos dribla os pesquisadores. 

Em geral, este vírus usa um conjunto de cinco proteínas para entrar e sair das células humanas, o que dificulta a reprodução dos seus antígenos por vacinas. Agora, com a tecnologia do RNA mensageiro, isso parece possível.

Resultados iniciais dos testes da Moderna sugerem que sua vacina de CMV conseguiu estimular uma resposta imunológica mais forte em alguns tecidos do que as infecções naturais.

Além de combater agentes infecciosos, pesquisadores estudam também vacinas contra o câncer por meio da tecnologia mRNA. De modo geral, a doença é difícil de combater porque as células malignas mutam rapidamente, enfraquecendo o poder terapêutico.

Com o mRNA, cientistas podem desenvolver vacinas que visam dezenas de antígenos nas células tumorais simultaneamente. Assim, é possível acertar vários alvos de uma vez, tornando mais difícil para as células cancerosas desenvolverem maneiras de escapar.

Além das vacinas, o RNA mensageiro pode contribuir de outra forma com o tratamento de câncer. Algumas terapias podem instruir o organismo a produzir moléculas que estimulam o sistema imunológico, como citocinas. Dessa forma, ideia é que elas amplifiquem os efeitos das imunoterapias já existentes.

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Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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