Tem um bebê te encarando? Talvez ele esteja te julgando

Estudo feito por pesquisadores japoneses sugere que os bebês em idade pré-verbal são capazes de julgar a moralidade de adultos
Bebês julgamento
Imagem: Colin Maynard/Unsplash/Reprodução

Essa é uma cena clássica dos filmes de ação: o personagem fica por alguns minutos a sós com um bebê em determinado ambiente. Nesse período de tempo, o adulto precisa resolver alguma situação, como mexer na bolsa de outra pessoa, telefone ou roubar objetos. A câmera corta para o pequeno, que está olhando em tom de julgamento. 

Poderia ser apenas uma cena de alívio cômico, mas reflete a realidade. Pelo menos, é o que mostra um estudo publicado na revista Nature Human Behavior. Um time formado por pesquisadores de diversas instituições japonesas investigou o comportamento de 24 bebês de 8 meses de idade. Ao final, os cientistas perceberam que os pequenos em idade pré-verbal são capazes de julgar a moral de outros indivíduos. 

Durante testes, os pesquisadores apresentaram aos bebês cenas de animações que envolviam agressão. A escolha se deu porque o ato de bater é um dos erros sociais mais óbvios conhecidos pelas crianças. 

Então, uma ferramenta de rastreamento ocular marcava para onde a criança estava olhando. Ao final, eram apresentados os dois personagens e, caso o bebê encarasse o agressor por tempo suficiente, o computador fazia o vilão desaparecer. Tal escolha aconteceu na maior parte dos casos.

Os cientistas não sabem dizer com certeza porque os pequenos encaravam os agressores. Há algumas hipóteses: pode ser que as crianças olhem para os vilões na intenção de puni-los, concentrando-se neles até que saiam de cena. Outra ideia é que os bebês fiquem de olho na expectativa de que o agressor receba alguma consequência por sua ação.

O estudo sugere que os bebês possuem algum tipo de bússola moral, sendo capazes de julgar o certo e o errado antes mesmo de aprenderem o que isso significa. De acordo com os pesquisadores, o comportamento pode ser um traço adquirido durante a própria evolução humana que beneficiou a espécie. 

Carolina Fioratti

Carolina Fioratti

Repórter responsável pela cobertura de saúde e ciência, com passagem pela Revista Superinteressante. Entusiasta de temas e pautas sociais, está sempre pronta para novas discussões.

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