Tencent usará reconhecimento facial para impedir que crianças joguem videogame à noite
A Tencent, dona da Riot Games (League of Legends, Valorant) e sediada em Shenzhen, na China, anunciou que usará um sistema de reconhecimento facial para evitar que menores de idade no país joguem videogame até tarde da noite. A tecnologia já é utilizada para evitar que os mais novos adquiram conteúdo pago por acidente, mesmo quando tentam se passar por adultos.
Segundo o Digital Trends, a Tencent se refere ao novo sistema como “Patrulha da Meia-Noite”, e diz que escaneia os rostos dos jogadores e compara o resultado com um banco de dados de rostos e nomes. Os usuários sinalizados como menores de idade são bloqueados dos jogos sempre que jogarem por mais tempo ou tentarem jogar fora do horário permitido, que neste caso é das 8h00 às 22h00. Em comunicado, a Tencent também afirma que os adultos podem enviar outra captura de reconhecimento facial se forem bloqueados por engano.
“Qualquer pessoa que recusar ou falhar na verificação facial será tratada como menor e, conforme descrito na supervisão anti-dependência do sistema de saúde dos jogos da Tencent, poderá ser expulsa”, explicou a empresa. Incialmente, a companhia incluirá cerca de 60 jogos como parte do programa. Contudo, League of Legends, um dos títulos mais jogados no mundo e uma das maiores fontes de receita da Tencent, não foi incluído na lista.
Mais detalhes sobre o reconhecimento facial podem ser encontrados no Sixth Tone, um meio de comunicação estatal chinês voltado para quem não mora no país. O Sixth Tone citou vários fatores como justificativa para o sistema — desde supostos roubos por adolescentes em busca de fundos de microtransações até relatos de que os jovens na China passam uma quantidade considerável de tempo em cyber cafés.
Leis na China visam diminuir tempo nos jogos
O anúncio da Tencent chega como uma das futuras medidas que serão adotadas pela empresa para se adequar às regulamentações recentes impostas pelo governo chinês, que tem por objetivo diminuir hábitos de jogo considerados prejudiciais à saúde.
Em 2019, a China aprovou uma lei que proíbe menores de idade fora do período que vai das 8h00 até 22h00, além de limitar o tempo de jogo a no máximo 90 minutos por dia. A lei também impede os menores de gastar mais de US$ 57 por mês em microtransações. Também foram implementadas novas regras exigindo que todos os indivíduos, independentemente da idade, se registrem em jogos usando suas identidades reais, proibindo os cidadãos de jogar títulos que incluam “explicitação sexual, violência e games de azar”.
Na época que a lei entrou em vigor, o NPR relatou que a Administração Estatal de Imprensa e Publicações e o Ministério da Segurança Pública da China disseram que estavam colaborando na construção de um “sistema de identificação unificado” para jogos. A Tencent é uma das muitas empresas de tecnologia chinesas envolvidas na aplicação das leis de censura do Partido Comunista Chinês, que proíbe uma ampla gama de discursos considerados sensíveis pelas autoridades.
A China é considerada um dos maiores mercados de jogos do mundo. A consultoria Niko Partners estima que o setor local de games chegará a 781 milhões de jogadores e receita anual de US$ 55 bilhões até 2025. A Tencent, que também é dona da plataforma de mensagens WeChat, detém uma grande fatia dessa indústria, e registrou 43,6 bilhões de yuans (mais de US$ 6,7 bilhões) em receita geral de jogos no primeiro trimestre de 2021.