A empresa de cibersegurança Kaspersky tem alguns prognósticos para as ameaças digitais em 2020. A companhia realizou um evento em São Paulo nesta quarta-feira (27), e apontou que a manipulação da opinião pública em redes sociais deve ser um dos mecanismos mais utilizados no ano que vem na América Latina, além do roubo de senhas de serviços de entretenimento.
Os prognósticos foram realizados com base nas análises feitas durante esse ano e pelos especialistas da companhia. Thiago Marques, analista de segurança da Kaspersky, comentou que dos dez prognósticos feitos no ano passado, a maioria se concretizou como tendência durante 2019.
O primeiro item destacado pela Kaspersky para 2020 é a manipulação da opinião pública e campanhas de desinformação nas redes sociais — algo que está longe de ser uma novidade para os brasileiros. O tema, no entanto, tem relevância especial devido às eleições municipais de 2020. O momento político conturbado da região pode alavancar campanhas do tipo.
Segundo a companhia, “o nível de orquestração de tais ataques alcançará uma sofisticação proeminente”.
A empresa não tem um produto específico voltado para essa ciberameaça, mas Marques afirmou que há estudos internos sobre ferramentas de identificação de notícias falsas que eventualmente podem ser incorporadas às soluções anti-phishing.
Outro prognóstico importante é o aumento da exploração de brechas no Windows, especialmente no uso dos chamados worms, que são códigos maliciosos que podem ser espalhar em redes. A Kaspersky lembra que a Microsoft encerrará o suporte do Windows 7 em 14 de janeiro e que isso deve ser um prato cheio para atores maliciosos.
Entre os usuários de produtos da Kaspersky, 30% ainda usam o Windows 7, o que representa o segundo sistema mais utilizado da base — perde apenas para o Windows 10, instalado em mais da metade dos computadores que possuem o antivírus da marca.
Isso não quer dizer que os usuários de macOS não precisam ficar espertos. A empresa diz que os ataques de malware na plataforma da Apple cresceu 53% nos últimos 12 meses comparado ao período anterior. Foram identificados 500 mil ataques de malware no Mac somente pela companhia russa (esse mesmo número de ataques é registrado a cada dia no Windows).
Caça às senhas de serviços de streaming
A maior parte das infecções acontecem via download de softwares piratas e adware (anúncios maliciosos), mas o Brasil é líder em campanhas de phishing. Por isso, o roubo de senhas de serviços de entretenimento, como Netflix, Spotify e Steam deve aumentar. A companhia aponta que o surgimento de novas plataformas, como Disney+ e HBO Max, devem impulsionar um mercado paralelo de venda de senhas que, muitas vezes, são capturadas por meio de golpes de phishing de páginas e e-mails falsos, e vazamentos de grandes bancos de dados.
Os cibercriminosos também devem expandir o golpe de SIM Swap como um serviço. A tendência é que a clonagem de linhas seja oferecida para outros atores maliciosos aplicarem uma ampla gama de golpes, incluindo roubo de contas que usam SMS para autenticação em dois fatores. O analista de segurança da companhia afirmou ainda que o Brasil deixou de ser um mero consumidor das ferramentas utilizadas pelo cibercrime e que, além de ser um produtor de novas soluções, exporta suas criações pata outras regiões.
Por fim, a Kaspersky diz também que devem aumentar o número de golpes relacionados ao bitcoin, ataques à instituições financeiras e cadeias de fornecedores, ataques de chantagem (principalmente à empresas) e ressurgimento do ransomware e outros ataques direcionados.