Terapia biológica para asma pode eliminar uso de bombinha
Um novo tratamento para asma grave, usando uma substância chamada benralizumabe conseguiu reduzir o uso da bombinha em 92% dos participantes. Já 60% deles puderam interromper completamente a necessidade do inalador de alívio rápido. O estudo que descreve os testes foi publicado na revista The Lancet.
Os resultados do estudo podem ser transformadores para pacientes com asma grave. Isso porque podem minimizar ou eliminar os efeitos colaterais negativos dos medicamentos atualmente utilizados.
Entenda o contexto
Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), a asma afeta mais de 260 milhões de pessoas em todo o mundo. Dessa forma, é uma das doenças crônicas e condições respiratórias mais comuns a nível global.
Como causa inflamação e contração muscular ao redor das vias aéreas, acaba dificultando a respiração. Por isso, gera sintomas como falta de ar, aperto no peito e tosse.
Geralmente, quando estão em crise, pessoas com asma utilizam a bombinha, um medicamento broncodilatador que abre as vias aéreas. Contudo, os tratamentos costumam utilizar altas doses de esteroides, especialmente entre aqueles com asma grave.
Os esteroides, por sua vez, possuem diversos efeitos colaterais, como a osteoporose, que aumenta o risco de fraturas, diabetes e cataratas.
Como o novo tratamento funciona
Para testar o novo tratamento para asma, um grupo de pesquisadores do Reino Unido incluíram no estudo pessoas de quatro países (Reino Unido, França, Itália e Alemanha) e 22 localidades diferentes. No total, foram 208 participantes.
Cada um deles recebeu uma orientação, distribuída aleatoriamente. Por isso, reduziram a dose de uso da bombinha em quantidades diferentes durante um período de 32 semanas. Ao mesmo tempo, os cientistas administraram doses do Benralizumabe.
De modo geral, essa substância é chamada de terapia biológica, porque reduz o número de células inflamatórias chamadas eosinófilos. Elas estão presentes em quantidades anormais em pessoas alérgicas e especialmente na região das vias aéreas de pessoas com asma.
Por inflamarem os canais de entrada e saída de ar, estão envolvidas nas crises asmáticas. Dessa forma, para evitar os ataques, os cientistas administraram doses de Benralizumabe periodicamente, nos participantes do estudo, injetando o medicamento a cada quatro ou a cada oito semanas.
Como resultado, aproximadamente 90% dos pacientes não apresentaram piora dos sintomas de asma e permaneceram livres de exacerbações ao longo do estudo, que durou 48 semanas. Segundo os cientistas envolvidos, isso demonstra a possibilidade de evitar os efeitos colaterais dos medicamentos utilizados atualmente.
“Terapias biológicas como o benralizumabe revolucionaram o cuidado da asma grave de muitas maneiras. E os resultados deste estudo mostram pela primeira vez que os danos relacionados aos esteroides podem ser evitados para a maioria dos pacientes que utilizam essa terapia”, confirma David Jackson, autor do estudo.
Agora, pesquisadores pretendem realizar novos estudos para confirmar a segurança e eficácia do tratamento e do abandono parcial ou completo do uso de esteroides.