Ciência

Terapia CAR-T pode reduzir tumores cerebrais, dizem estudos

Dois novos estudos mostram potencial de terapia CAR-T contra glioblastomas, um tipo de tumor cerebral bastante agressivo
Imagem: National Cancer Institute/ Unsplash/ Reprodução

Dois novos estudos internacionais sugerem que a terapia com células CAR-T (células T com receptor de antígeno quimérico) pode reduzir tumores cerebrais agressivos, do tipo glioblastoma. De acordo com as pesquisas, a programação de células imunes para atacar duas proteínas desse tipo de câncer mostrou indícios iniciais de progresso.

Atualmente, o procedimento é aprovado apenas para tratar cânceres de sangue, como a leucemia.

“Isso dá credibilidade ao potencial poder das células CAR T para fazer a diferença em tumores sólidos, especialmente no cérebro”, afirmou Bryan Choi, um dos médicos envolvidos nos estudos, à revista Nature.

Os pesquisadores descreveram os experimentos e resultados em dois artigos, um publicado na Nature Medicine e outro no The New England Journal of Medicine.

Complexo, rápido e letal

Em geral, tumores cerebrais do tipo glioblastoma crescem de forma muito rápida. Eles também podem se misturar com células cerebrais saudáveis, de forma que ficam difusos, dificultando o combate às células cancerosas e a remoção do tumor.

Por isso, os tratamentos indicados geralmente são cirurgia, quimioterapia e radioterapia. Contudo, eles conseguem conter a doença por pouco tempo – em geral, pessoas com diagnóstico de glioblastoma têm um tempo médio de sobrevivência de oito meses.

Combate ao glioblastoma com terapia CAR-T

Na terapia com CAR-T, os linfócitos T do próprio paciente são coletados e modificados. Geralmente, a modificação visa programar a célula para atacar uma proteína específica, que faz com que identifique e combata os tumores.

Dessa forma, a CAR-T é reintroduzida no organismo do paciente, que fica sob acompanhamento médico durante 15 dias, ao menos. No total, a terapia dura ao menos 60 dias.

Para testar o tratamento contra glioblastomas, a primeira pesquisa projetou as células CAR-T para combater aquelas que expressam tanto a forma mutada quanto a não mutada de EGFR (receptor do fator de crescimento epidérmico), uma proteína produzida pelos glioblastomas.

O experimento foi realizado com três adultos com esse tipo de câncer. Um deles teve uma resposta que durou mais de seis meses. Contudo, embora os tumores dos três participantes tenham diminuído, todos recidivaram, ou seja, voltaram a crescer depois de um tempo.

Na segunda pesquisa, os pesquisadores seguiram um caminho um pouco diferente. Eles programaram as células CAR-T para visar duas proteínas produzidas pelo tumor.

Embora elas sejam projetadas para se concentrar apenas em um alvo, o teste parece ter funcionado. Os cientistas programaram as células CAR-T para visar tanto o EGFR quanto outra proteína encontrada em glioblastomas, chamada receptor alfa 2 de interleucina-13.

O estudo contou com seis participantes e em todos os tumores diminuíram. Contudo, o desenrolar do tratamento se deu de maneira diferente em cada caso. Um dos pacientes saiu do estudo, outro teve um crescimento do tumor após um mês da terapia.

No entanto, houve resultados positivos. Dos quatro participantes restantes, três não tiveram mais avanço do tumor, embora estejam dentro do período de seis meses após tratamento. Por fim, o último paciente não teve sinais de progressão do tumor por sete meses.

Avanço na ciência

Embora ainda seja o início da pesquisa sobre a terapia CAR-T em tumores sólidos, pesquisadores da área ficaram animados com os resultados. Para eles, construir células imunes com múltiplos alvos pode produzir tratamentos de longa duração.

Dessa forma, torna-se mais difícil para que as células cancerosas desenvolvam maneiras de resistir à terapia. Contudo, eles destacam que mais pesquisas são necessárias.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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