Tomografia revela pássaro de 66 mil anos com dentes e palato móvel
Paleontólogos da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, revelaram o palato móvel de um pássaro que viveu há mais de 65 milhões de anos. Tal fato assemelha o animal aos pássaros modernos, criando ruídos no conhecimento evolutivo dessas espécies. O estudo foi publicado na revista Nature.
O pássaro foi descoberto na década de 1990 em uma pedreira na Bélgica. Na data, os cientistas estimaram que o animal havia vivido há pelo menos 66,7 milhões de anos, pouco antes de o asteroide Chicxulub colidir com a Terra e matar os dinossauros não aviários.
Os pesquisadores que deram a primeira olhada na ave notaram uma característica interessante: o animal levava dentes em sua boca. Por outro lado, a equipe deixou passar batido um ponto ainda mais relevante – seu palato móvel, revelado agora pelos britânicos.
Pense nos humanos. Somos capazes de mover nosso maxilar inferior, mas não a parte da mandíbula superior, que está presa ao crânio. A maior parte das aves modernas, por sua vez, conseguem mover toda a região do bico, o que as ajuda a construir ninhos e coletar comida.
As aves com palato móvel são chamadas de neognatas (mandíbulas novas), enquanto aquelas com palato fundido são paleognatas (mandíbulas velhas). Os nomes fazem jus a evolução, sugerindo que as espécies ancestrais contavam com palatos sem movimentação.
A revelação recente, feita com auxílio de tomografia computadorizada, aponta o contrário. Antes mesmo de os dinossauros serem extintos, já existiam animais com palato móvel. Além disso, a espécie é ancestral direto dos avestruzes e seus parentes, que possuem palato fundido, o que torna a descoberta ainda mais curiosa.
O animal recebeu o nome de Janavis finalidens. Finalidens é a junção de “final” e “dentes”, aludindo a uma das últimas aves a contar com esses ossos.