Tratores sem motorista já são uma realidade; veja os prós e os contras
Enquanto os primeiros robotáxis sem motoristas começam a circular pelas ruas dos EUA e da China, o setor do agronegócio também começa a contar com tratores autônomos que dispensam a necessidade de um operador.
Na última semana, a Nvidia, em parceria com a startup americana Monarch Tractor, anunciou o lançamento comercial de um trator elétrico inteligente que não precisa de uma pessoa na direção. Para tal, ele usa um sistema de câmeras, GPS e IA (inteligência artificial) que permite que ao veículo se deslocar com segurança por campos agrícolas.
O trator pode ser configurado para trabalhar com diferentes implementos, para executar diversas tarefas — como pulverização ou colheita. Além disso, o veículo coleta e analisa os dados para gerar informações em tempo real sobre o rendimento da produção no campo.
Essa inovação, claro, não se resume apenas aos EUA. A japonesa Iseki and Co. já havia lançado em 2018 o seu Robot Tractor TJV655, que pode trabalhar 24 horas por dia, é capaz de detectar qualquer obstáculo no campo e parar automaticamente quando necessário. A máquina também pode ser usada para arar o solo e aplicar a quantidade ideal de fertilizantes e pesticidas.
O caso brasileiro
Já o Brasil, país líder na produção agropecuária mundial, deve passar a adotar esse tipo de tecnologia de automação com mais força nos próximos anos, conforme as redes de telecomunicações se expandem até o campo. Dados do Ministério das Comunicações apontam que 43,6% dos moradores do campo já têm acesso à internet.
Porém, somente agora com a chegada do 5G – que oferece maior banda de internet e menor latência – será possível impulsionar o uso não apenas de tratores autônomos, mas também drones com IA e outras máquinas operadas à distância.
Além da questão da falta da conectividade no campo, o custo ainda é considerado um fator limitante para a popularização dessa tecnologia pelo agronegócio brasileiro. Um único trator autônomo japonês pode custar mais de R$ 600 mil, por exemplo.
Contudo, o uso desses veículos inteligentes tende a se tornar algo “obrigatório”. Com a falta de mão de obra e o aumento das áreas cultivadas, bem como a demanda por maior produção de alimentos, é natural que a agricultura se torne cada vez mais automatizada.
Para tornar os tratores autônomos mais acessíveis, a brasileira VIX Logística lançou em julho o “Galileu”, um veículo que pode ser usado não apenas no agronegócio, mas também nas indústrias siderúrgica, mineração, óleo e gás, bem como no setor automotivo.
O trator possui nível 4 de automação, o que significa que ele é capaz de se mover sozinho, por meio de sensores, computadores e redes wireless, incluindo sistemas de segurança redundantes. Ele funciona por meio de comandos e limites previamente configurados de movimentação, estando um nível abaixo de ter automação total.
Problemas dos tratores sem motoristas
Como toda a tecnologia, os tratores autônomos também têm suas desvantagens. Além dos altos custos e da necessidade de redes robustas de telecomunicações, o uso de tratores também podem gerar alguns problemas para o agricultor.
O principal deles é a questão da responsabilidade legal. Uma vez que esses veículos trabalham em áreas abertas, e a tecnologia ainda é nova, ainda podem ocorrer acidentes, como a entrada de tratores em vias públicas e atingir animais, pessoas ou mesmo outros veículos.
Além disso, conforme apontou o site Xataka, o uso desse tipo de equipamento pode fazer com que os agricultores tenham menos controle sobre suas atividades, além de se tornarem mais dependentes de fornecedores de equipamentos e softwares — algo que pode encarecer ainda mais a produção no campo.