“Tudo bem aqui”. Esta frase foi uma das últimas mensagens que o submarino Titan enviou antes de sua implosão, enquanto viajava até os restos do Titanic, em junho de 2023.
A mensagem foi apresentada pela Guarda Costeira dos Estados Unidos, na última segunda-feira (16), durante as audiências que investigam a acidente mortal com o Titan.
O caso atraiu atenção global devido às buscas que duraram dias e também por ser um reflexo da falta de regulação no turismo submarino. Além disso, o fato de haver bilionários a bordo do Titan também atraiu o interesse público e da mídia.
Cinco homens estavam a bordo do Titan, que desapareceu cerca de 1 hora e 45 minutos após o início da viagem. Todos os cinco morreram na implosão:
- Stockton Rush: bilionário e CEO da empresa OceanGate, que desenvolveu o Titan
- Paul-Henri Nargeolet: piloto e explorador francês especialista no Titanic
- Hamish Harding: bilionário da indústria da aviação que já havia viajado ao espaço
- Shahzada Dawood: milionário paquistanês
- Suleman Dawood: filho de Shahzada
“Tudo bem aqui”
As audiências que investigam a implosão mortal do Titan – que era um submersível experimental – começaram na última segunda-feira (16) e vão durar duas semanas.
A Guarda Costeira dos EUA conduz a investigação, que terá depoimentos de ex-executivos e funcionários da OceanGate, além de cientistas e autoridades do governo norte-americano.
O primeiro dia das audiências revelou informação sobre as discordâncias de executivos da OceanGate em relação à segurança do Titan. Além disso, as audiências também mostraram o que aconteceu durante os minutos finais antes da implosão do Titan.
De acordo com a Guarda Costeira, a mensagem de texto “tudo bem aqui” foi uma das últimas enviadas pelo Titan antes de perder contato com sua embarcação de superfície, quando o submarino seguia rumo ao fundo do mar.
As mensagens de texto, aliás, eram o único meio de comunicação entre as tripulações do Titan e da embarcação Polar Prince.
O Titanic descansa a 3.800 metros abaixo do nível do mar. Porém, a mensagem de “tudo bem aqui” foi enviada pelo Titan a cerca de 2.274 metros abaixo do nível do mar, cerca de 40 minutos antes da implosão.
Aliás, o Titan enviou a mensagem após navio da superfície pedir que a tripulação do submarino fosse mais responsiva. “Preciso de uma comunicação melhor da sua parte”, enviou o Polar Prince às 10h11, 36 minutos antes da última mensagem do Titan.
No entanto, às 10:47, o Titan enviou a última mensagem, a 3.346 metros no fundo do mar, afirmando que o submarino perdeu dois pesos, segundos antes da implosão.
Audiências de investigação sobre a implosão do Titan
As audiências do Titan são realizadas pelo Conselho de Investigação Marítima, o maior escalão de investigação da Guarda Costeira. Esse conselho só conduz investigações de casos com “baixas marítimas de grande significado”.
Esse processo engloba a coleta de evidências, depoimentos de testemunhas e audiências públicas, com o conselho tendo autoridade jurídica.
Além das mensagens, durante as audiências de segunda-feira (16), a Guarda Costeira apresentou uma imagem inédita do Titan. Registrada por um veículo submarino remoto (ROV), a foto mostra parte do Titan no fundo do mar após a implosão.
De acordo com a lista oficial da Guarda Costeira, 24 pessoas vão depor nas audiências sobre a implosão do Titan, incluindo o diretor de engenharia da OceanGate, Tony Nissen.
Ainda nas audiências de segunda-feira, Nissen revelou que recusou um pedido de Stockton Rush para pilotar as missões do Titan ao naufrágio do Titanic por não confiar no CEO.
Além de Nissen, uma testemunha atraiu atenção especial: David Lochridge, ex-diretor de operações da OceanGate. Lochridge sempre levantou preocupações sobre a segurança do design do Titan.
Em 2018, a OceanGate demitiu o executivo e iniciou uma ação legal contra ele, posteriormente resolvida em acordo judicial. David Lochridge testemunhará nas audiências nesta terça-feira (17).
Após as audiências, o conselho da Guarda Costeira vai elaborar um relatório público determinando se a implosão do Titan foi um ato criminoso sob a lei dos EUA.