Mulheres que não menstruam tiveram um aumento de sangramentos de menstruação inesperados logo após a vacinação contra a Covid-19. A conclusão é de um estudo publicado na revista Science Advances.
Segundo estudo realizado por pesquisadores noruegueses, mulheres que tomam contraceptivos hormonais de longo prazo e aquelas na perimenopausa foram as mais propensas ao sangramento.
Entre elas, o risco aumentado foi de três a cinco vezes maior do que antes da existência das vacinas. Já o risco para mulheres na pós-menopausa aumentou de duas a três vezes.
Em geral, a Noruega utilizou as vacinas de RNA mensageiro da fabricante Moderna, da Pfizer-BioNTech e da AstraZeneca. Em outubro de 2022, a Agência Europeia de Medicamentos atualizou as informações sobre efeitos colaterais das vacinas de mRNA para incluir a menstruação intensa.
Entenda a pesquisa
A equipe de cientistas liderada por Kristine Blix já acompanhava um grupo de pessoas para um estudo de saúde populacional. Dessa forma, desde o início da pandemia de Sars-Cov-2, eles enviaram questionários quinzenais para monitorar os efeitos da calamidade na vida destas pessoas.
Desde o primeiro questionário que abordou a vacinação contra Covid-19, em 2021, mulheres relataram que tiveram uma menstruação mais intensa do que o normal logo após a vacina.
A partir daí, os pesquisadores passaram a estudar a relação entre a vacina e o sintoma de maneira mais estruturada. Eles analisaram os relatos de 21 mil mulheres que não menstruavam.
Algumas porque já estavam na pós-menopausa e outras estavam passando da idade fértil para o período em que param de menstruar. Havia também algumas delas que ainda estavam em idade fértil, mas não menstruavam porque utilizavam contraceptivos hormonais de longo prazo.
Eles descobriram que 252 mulheres na pós-menopausa, 1.008 na perimenopausa e 924 na pré-menopausa relataram ter experimentado a menstruação inesperada.
Em cerca de metade delas, o sangramento ocorreu nas quatro semanas após a primeira ou segunda dose da vacina.
Motivo ainda desconhecido
Ainda não se sabe as razões para o sangramento inexplicado, mas os pesquisadores acreditam que pode estar relacionado à proteína spike do SARS-CoV-2 usada nas vacinas.
Isso não significa que as vacinas contra Covid-19 não são seguras – diversos estudos já concluíram que elas oferecem a proteção necessária com segurança e eficiência.
Geralmente, o sangramento pós-menopausa é preocupante por ser um possível sinal de câncer. Dessa forma, o estudo contribui para contextualizar o estado de saúde de uma paciente, o que deve ser considerado por médicos.
Além disso, a pesquisa também levanta o tópico como algo que deve ser monitorado em ensaios clínicos de novas vacinas e medicamentos.