Zuckerberg pede desculpas e promete restrição de acesso de dados via apps
Desde a semana passada, tem pipocado notícias envolvendo o Facebook e a Cambridge Analytica, uma empresa de redes sociais que supostamente usou dados para manipular eleições. Nesta quarta-feira (21), Mark Zuckerberg, cofundador e CEO do Facebook, finalmente resolveu se pronunciar sobre o caso.
Basicamente, ele pediu desculpas pelo ocorrido e prometeu maior restrição de acesso a dados de usuários via apps.
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Entendendo o que aconteceu
Em 2013, um pesquisador chamado Aleksandr Kogan criou um app de análise de personalidade. Cerca de 300 mil pessoas instalaram, compartilhando dados pessoais e de amigos, somando informações de quase 50 milhões de usuários. Esses dados foram posteriormente repassados para a empresa Cambridge Analytica.
Após dois anos, o Facebook foi notificado de que dados obtidos na rede estavam sendo usados para outros fins, e a rede diz que pediu a Cambridge Analytica para apagá-los. A companhia disse ter cumprido com o pedido, porém um denunciante, em entrevista recente ao New York Times e ao Guardian, afirmou que as informações foram usadas para manipular eleitores em prol da candidatura de Donald Trump nos Estados Unidos.
“Isso foi uma brecha na confiança entre Aleksandr Kogan, a Cambridge Analytica e o Facebook. Porém, foi uma violação do Facebook para com as pessoas que compartilham seus dados com a gente e esperam que nós os protejamos. Nós precisamos corrigir isso”, afirmou Zuckerberg.
Promessa de mudanças
O executivo conta que a ação mais importante referente a brecha foi feita em 2014. Nesse ano, o Facebook mudou a política de acesso a dados de usuários, impedindo que aplicativos pudessem ver dados referentes a amigos.
Por ora, a rede afirma que irá investigar empresas com muito acesso a dados, restringir o acesso a informações (se a pessoa não usar um app por até 3 meses, o desenvolvedor vai parar de ter acesso aos dados) e, por fim, criar um mecanismo mais claro para os usuários saberem quais apps podem ver os dados dos perfis. Essa última ferramenta consistirá em um recurso que vai aparecer no topo do feed de notícias, assim as pessoas poderão revogar ou deixar o acesso como está.
“Eu quem comecei o Facebook e, no fim das contas, a responsabilidade é minha pelo que acontece em nossa plataforma. Estou fazendo o que for necessário para proteger nossa comunidade”, escreveu Zuckerberg em post em sua rede social.
A atitude parece razoável. Até porque parlamentares dos Estados Unidos e do Reino Unido estão furiosos com toda a repercussão sobre este caso. Inclusive, Zuckerberg foi convidado a comparecer nos dois países para dar explicação sobre essa polêmica — aliás, fazem questão que seja o cofundador da rede, e não advogados ou executivos ligados à empresa.
Existe ainda uma outra questão envolvida, no caso na parte mais sensível da empresa. Em função do escrutínio sofrido pela rede social, o valor de mercado do Facebook chegou a cair US$ 60 bilhões. Na última sexta-feira, antes da divulgação da questão sobre a Cambridge Analytica, o valor de mercado da empresa era de US$ 537, 69 bilhões. Durante esta terça-feira (20), o valor chegou a US$ 476,83 bilhões.
A ver se o Facebook vai cumprir a promessa e tentar acalmar ou frear quem advoga pela saída da rede social, em função dessa polêmica.
Imagem do topo por Getty Images