Ciência

1º buraco negro fotografado traz mudança drástica em apenas um ano

Segundo a brasileira que ajudou a registrar a primeira foto de um buraco negro, as mudanças ajudam a comprovar a teoria de Einstein.
Imagem: EHT/Reprodução

Em 2017, o M87*, localizado a 55 milhões de anos-luz da Terra, foi o primeiro buraco negro a ser fotografado. Agora, novas análises de observações do objeto mostram mudanças drásticas em apenas um ano.

Divulgada em 2019, a primeira foto de um buraco negro foi o resultado de uma colaboração internacional dos cientistas projeto Event Horizon Telescope (EHT). Aliás, o projeto teve a liderança da astrofísica brasileira Lia Medeiros.

Agora, seis anos após a imagem, cientistas do EHT combinaram observações feitas em 2017 e 2018 avaliando o formato do buraco negro.

Em um estudo publicado no último dia 22, cientistas da EHT revelaram novos insights sobre a estrutura do buraco negro e mudanças na região mais brilhante ao redor do M87*.

A mudança, em apenas um ano após o buraco negro ser fotografado, confirma a existência de uma turbulência no disco de acreção do buraco negro. Além disso, a nova análise também confirma (mais uma vez) a teoria da relatividade geral de Einstein.

Mudanças do buraco negro M87* em apenas um ano. Imagem: EHT/Divulgação

O disco de acreção é a estrutura gasosa semelhante a um anel ao redor do buraco negro. No ano passado, revelamos aqui no Giz que o M87* estava expelindo um enorme jato de matéria. À época, contudo, os astrônomos não sabiam o motivo por trás desse mecanismo.

Leia mais: Cientistas registram foto que pode desvendar mistério em buraco negro

Agora, os cientistas confirmam que o ambiente de acreção do buraco negro é “turbulento e dinâmico”, destacando o potencial de transformação do ambiente ao redor de um buraco negro em apenas um ano.

O M87*, além da divulgação três anos antes, é mil vezes mais pesado que  o Sagitário A* — o buraco negro no centro da Via Láctea. O Sagitário A* tem milhões de vezes a massa do Sol, enquanto o M87* tem bilhões de vezes.

Se o Sagitário A* precisou devorar tudo quanto é elemento no espaço sideral para ficar com essa massa, o M87* devorou mil vezes mais, explicando a estrutura turbulenta no disco.

Aliás, segundo os cientistas, essa mudança no buraco negro, mesmo apenas um ano, era previsível.

Lia Medeiros, astrofísica responsável por registrar a primeira fotografia de um buraco negro, ressalta, no entanto, que outros aspectos do M87* não mudaram.

“Essas observações ajudam a confirmar que o M87*, em vez de ser uma variedade mais exótica ou inesperada, é um tipo de buraco negro previsto por Einstein em sua teoria da relatividade geral”, diz Lia Medeiros ao portal Science News.

Pablo Nogueira

Pablo Nogueira

Jornalista e mineiro. Já escreveu sobre tecnologia, games e ciência no site Hardware.com.br e outros sites especializados, mas gosta mesmo de falar sobre os Beatles.

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