Arábia Saudita anuncia cidade com um só prédio de 170 km de extensão

Projeto da Arábia Saudita quer reunir até 9 milhões de pessoas em cidade ultramoderna. Empreendimento é estimado em mais de US$ 500 bilhões, e é esperado para 2030
Imagem: Neom Project/Divulgação

Um único edifício com incríveis 170 quilômetros de extensão ao longo do deserto, que é capaz de abrigar até 9 milhões de pessoas. Este é a próxima obra faraônica da Arábia Saudita, anunciada pelo príncipe Mohammad bin Salman na última segunda-feira (25). O mega prédio já tem até nome: “The Line”. 

A construção integra o projeto Neom, uma cidade futurista localizada no noroeste do país, próximo ao Mar Vermelho. 

Segundo o site oficial do empreendimento, The Line terá 200 metros de largura e 34 quilômetros quadrados. Está sendo projetada para ficar a 500 metros acima do nível do mar e atuar como uma cidade vertical. 

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O governo saudita diz que a estrutura funcionará com energia renovável e não terá estradas, carros ou qualquer outra fonte de poluentes. Para andar de uma ponta a outra, um trem de alta velocidade vai conectar as diferentes seções do edifício. 

Segundo o príncipe saudita, a metrópole contará com empregadas domésticas robô e táxis voadores. Não está claro, contudo, quem vai desenvolver todas essas tecnologias inovadoras. 

O governo e o Fundo de Investimento Público da Arábia Saudita estão investindo US$ 500 bilhões no projeto Neom. Há, ainda, investidores locais e internacionais não revelados. 

As obras tinham previsão de conclusão em 2025. Atrasos, porém, protelaram a entrega do projeto para 2030. 

Rebranding saudita

Tudo indica que o empreendimento integra o plano para fazer o ocidente voltar os olhos para a Arábia Saudita. Há um nome para o processo: Vision 2030 — uma tentativa de concorrer com vizinhos como Dubai e Abu Dhabi, tradicionais destinos turísticos e de negócios. 

A ideia é atingir 100 milhões de visitantes anuais na Arábia Saudita até 2030 — e, com isso, impulsionar a economia local em bilhões de dólares. 

O movimento tem motivo. A Arábia Saudita é alvo frequente de críticas sobre seu histórico de desrespeito aos direitos humanos. Riad ocupa o 166º lugar entre 170 países no Ranking de Liberdade de Imprensa. Há indícios de que bin Salman tenha ordenado o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, em 2018, dentro da embaixada saudita em Istambul. 

Em março, o país matou 81 homens na maior execução em massa em décadas do país. Há, ainda, evidências de grave exploração dos trabalhadores migrantes no país. 

Dados coletados pela organização Human Rights Watch apontam que milhões de migrantes são alvo de não-pagamento de salários e tomada de passaportes. Estima-se que estes trabalhadores representam 80% da força de trabalho do país. 

Julia Possa

Julia Possa

Jornalista e mestre em Linguística. Antes trabalhei no Poder360, A Referência e em jornais e emissoras de TV no interior do RS. Curiosa, gosto de falar sobre o lado político das coisas - em especial da tecnologia e cultura. Me acompanhe no Twitter: @juliamzps

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