Quase extinta, ararinha-azul, do filme Rio, deverá ser reintroduzida na natureza brasileira em 2019
No início do mês, falamos aqui no Gizmodo sobre a provável extinção da ararinha-azul, espécie que ficou mundialmente conhecida por ser representada pelo personagem Blu, no filme Rio, de 2011. O alerta foi feito por um estudo do grupo BirdLife International. Agora, em resposta à história que teve tanta repercussão há menos de duas semanas, a Agência Brasil, órgão de comunicação do governo, informa que um projeto de reintrodução da espécie na natureza deve começar em 2019.
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Em nota publicada pela Agência Brasil, a possibilidade de extinção da ararinha-azul não só é reconhecida como também confirmada (de certa forma): segundo o texto, a ave, natural da Caatinga nordestina, está extinta na natureza desde 2000. Segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), ainda existem cerca de 150 ararinhas mantidas por criadores no Brasil e no exterior.
Agora, a espécie deve voltar a voar nos céus brasileiros. O projeto de reintrodução acontecerá graças a uma parceria do Governo Federal com criadores europeus, trazendo 50 ararinhas para o Brasil.
O processo, que começará em março de 2019, terá toda uma etapa de readaptação das aves à natureza. “Tem todo um processo de treinamento, porque você tem que ensinar esses bichos. O ideal é que se soltem esses indivíduos jovens, que têm mais capacidade de aprendizado. Então, tem que esperar já nascer uma outra geração. Sendo otimista, em 2020, já poderiam acontecer as primeiras solturas”, avalia Pedro Develey, diretor executivo da Save Brasil, que ajudou no projeto de desenvolvimento da unidade de conservação de Curaçá, na Bahia. Um espaço de aproximadamente 30 mil hectares criado pela União em junho deste ano, envolvido por uma área de proteção ambiental com mais de 90 mil hectares.
A ararinha-azul faz parte de um grupo de oito espécies de aves que teve sua extinção anunciada pelo BirdLife. Dessas, cinco eram do Brasil, e, de acordo com Develey, a protagonista de Rio é a única com chance de recolocação na natureza. As outras quatro espécies brasileiras estão provavelmente perdidas para sempre, por não haver mais indivíduos delas na natureza ou em cativeiros.
A Agência Brasil alerta ainda para o risco de mais espécies serem extintas nos próximos anos. Como exemplo, o veículo cita a rolinha-do-planalto (Columbina cyanopis), redescoberta em 2015 após sete décadas, mas com apenas 12 indivíduos atualmente, em uma reserva florestal, e o entufado-baiano (Merulaxis stresemanni), também em baixo número em uma reserva em Minas Gerais. Para piorar, a reserva em que está o entufado-baiano sofreu um incêndio recentemente, e, “provavelmente, alguns desses poucos indivíduos foram perdidos”, diz Develey.
O tietê-de-coroa (Caliptura cristata), que habita a região serrana do Rio de Janeiro, já não é visto há mais de 20 anos. “Têm sido feitas várias buscas (por mais indivíduos), e ninguém tem achado. Provavelmente, esse bicho está lá, e ninguém está vendo. Mas, se for achado, deve ter poucos indivíduos”, completa Develey.
Pedro Develey, falando da ararinha-azul, afirma que a principal causa do desaparecimento da espécie foi a coleta para venda como animal doméstico, o que torna mais simples de se entender o aprendizado que devemos tirar dessa história.
Imagem do topo: AP