Ciência

Asteroide pode conter elemento que não existe na tabela periódica, diz estudo

Elementos "superpesados" podem explicar porque alguns asteroides são tão densos, mas cientistas não descartam partículas de matéria escura na composição
Imagem: Bryan Groff/ Unsplash/ Reprodução

Há diversos asteroides no sistema solar que são tão densos que nenhum elemento da Terra pode explicar suas propriedades. De acordo com um novo estudo publicado no The European Physical Journal Plus, eles podem ser compostos de elementos naturais “superpesados”. 

Dessa forma, teriam em sua constituição substâncias além das listadas na tabela periódica atual, que já tem 118 elementos químicos.

“Se os asteroides realmente contêm elementos “superpesados”, isso levantaria inúmeras questões sobre como esses elementos foram formados e por que ainda não os descobrimos fora dos asteroides”, disse Johann Rafelski, autor do estudo.

Entenda o contexto

Corpos espaciais extremamente densos, como alguns asteroides, são conhecidos como objetos compactos ultra densos (CUDOs). Geralmente, eles são mais pesados do que o ósmio, que já é o elemento natural mais pesado na Terra. 

Um exemplo disso é o 33 Polyhymnia, localizado no cinturão principal de asteroides, entre Marte e Júpiter. Contudo, ainda não se sabe exatamente o que faz com que ele seja tão denso.

Devido ao seu tamanho pequeno (apenas 55 quilômetros de largura) e à grande distância da Terra, pesquisadores têm dificuldade de entender sua composição.

De modo geral, pesquisas anteriores sugeriam que a densidade de CUDOs poderia ser explicada se esses objetos estivessem cheios de partículas de matéria escura, da qual pouco se sabe.

Agora, o novo estudo demonstra matematicamente que a existência de CUDOs pode ser explicada não com matéria escura, mas com classes desconhecidas de elementos químicos.

O que diz a pesquisa

De início, os cientistas buscaram compreender se estes elementos mais pesados poderiam ocorrer naturalmente e ser estáveis. Isso porque eles tendem a ser altamente radioativos e decaem em milissegundos, já que há um grande número de prótons em seus núcleos.

No entanto, se estes elementos tiverem número atômico em torno de 164, eles podem não decair. Dessa forma, conseguem existir por curtos períodos de tempo. Esta teoria foi proposta em pesquisas anteriores, mas os cálculos do novo estudo confirmam a previsão.

Para chegar a suas conclusões, os pesquisadores testaram hipóteses sobre a estrutura de átomos dos elementos “superpesados”. 

Em seus experimentos, eles descobriram que elementos com números atômicos próximos a 164 teriam uma densidade aproximada a do asteroide 33 Polyhymnia.

Ainda assim, a presença de matéria escura não pode ser totalmente descartada, de acordo com os pesquisadores. “O que é especialmente empolgante neste trabalho é que não sabemos exatamente aonde isso nos levará”, revela Rafelski.

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Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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