Ciência

Astronautas não devem comer salada no espaço, diz estudo

Plantas cultivadas no espaço são mais vulneráveis; na prática, salada pode ser mais prejudicial do que benéfica para astronautas
Imagem: Monika Grabkowska/ Unsplash/ Reprodução

Há três anos, a NASA incluiu no cardápio dos astronautas da ISS (Estação Espacial Internacional, na sigla em inglês) a salada cultivada no espaço. Em geral, a alimentação desses profissionais funciona à base de alimentos em pó, mas tecnologias recentes permitiram o cultivo de plantas em câmaras de controle no espaço.

No entanto, um novo estudo indica que comer salada pode não ser o ideal para astronautas, devido ao potencial de causar doenças e comprometer as missões espaciais, principalmente, as de longo prazo.

De acordo com os resultados publicados na revista Scientific Reports, os alimentos produzidos no espaço podem ser contaminados por bactérias e fungos que habitam o interior de naves e estações no espaço.

Como cada missão espacial envolve um investimento de bilhões de dólares, elas não podem sofrer com imprevistos tão pequenos. Então, os cientistas buscaram compreender como essa ameaça à saúde dos tripulantes se desenvolvia.

Contaminação no ambiente espacial

Micróbios estão por toda parte. Esses germes estão em nós, em animais, nos alimentos que consumimos e no ambiente. Dessa forma, quando humanos vão para o espaço, os micróbios também pegam carona e se multiplicam por lá.

De acordo com a pesquisa, a ISS abriga muitas bactérias e fungos agressivos, que podem colonizar as saladas que os astronautas cultivam.

De modo geral, os vegetais são especialistas em detectar a gravidade e usam as raízes para encontrá-la. No espaço, eles são cultivados em ambientes de microgravidade. Por isso, tendem a perder sua orientação.

Quando analisaram essas plantas, os pesquisadores descobriram que elas eram muito mais vulneráveis à contaminação por Salmonella, por exemplo, que as que crescem no ambiente terrestre.

Entenda a pesquisa

Analisando plantas em uma simulação de microgravidade, os pesquisadores descobriram que há uma diferença no padrão de abertura dos estômatos, que são pequenos poros em folhas e caules que as plantas usam para respirar. 

Em plantas cultivadas na Terra, essas estruturas se fecham frente à ameaça de bactérias. No entanto, quando em microgravidade, os estômatos se abrem ainda mais quando esses micróbios se aproximaram. 

Na tentativa de combater essa fragilidade, os pesquisadores usaram uma bactéria auxiliar para promover a resistência das plantas contra patógenos ou outros estresses, como a seca. Na Terra, o micróbio UD1022 pode proteger as saladas contra a Salmonella.

Contudo, a bactéria falhou em condições semelhantes às do espaço. Agora, os pesquisadores buscam maneiras de impedir que as plantas abram seus estômatos quando em microgravidade. Por enquanto, a possibilidade é ajustar a genética desses alimentos, a fim de proteger a saúde dos astronautas.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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