Sucessor do Hubble sofre mais um atraso e não será lançado em março de 2021

Vamos ter de esperar ainda mais o próximo telescópio espacial James Webb da NASA deixar a Terra, devido a atrasos causados pela pandemia de COVID-19
Telescópio espacial James Webb na Northrop Grumman no sul da Califórnia. Crédito: Northrop Grumman
Telescópio espacial James Webb na Northrop Grumman no sul da Califórnia. Crédito: Northrop Grumman

Vamos ter de esperar ainda mais para ver o telescópio espacial James Webb (JWST na sigla em inglês), da NASA, deixar a Terra, devido a atrasos causados pela pandemia de COVID-19. Thomas Zurbuchen, chefe da diretoria de ciências da NASA, deu as más notícias nesta quarta-feira (10), durante uma reunião virtual com o Conselho de Estudos Espaciais das Academias Nacionais de Ciências, Engenharia e Medicina dos EUA.

“Não lançaremos em março, absolutamente não será em março”, disse Zurbuchen em referência ao lançamento programado anteriormente para 2021. “Isso não está nos planos agora”, disse ele, em uma transcrição preparada pelo Space Policy Online.

Para a NASA e a Northrop Grumman (o principal contratado da agência especial para o projeto), é mais um contratempo para um projeto cheio de dificuldades. O último adiamento é o mais recente de uma série aparentemente interminável de excedentes de custos e atrasos na programação. Desta vez, no entanto, o dedo da culpa está sendo apontado diretamente para o COVID-19 e a pandemia.

“Não é porque [a NASA e a Northrop Grumman] tenham feito algo errado”, disse Zurbuchen. “Isso simplesmente não vai acontecer, e não é uma falha ou má administração de algum tipo”, disse ele, acrescentando que o programa fez grandes progressos recentemente e que o JWST estava a caminho do lançamento em março de 2021 a bordo do foguete Ariane 5. E, de fato, os engenheiros recentemente realizaram um teste bem sucedido do conjunto da torre implantável do sistema.

“Eu estou muito otimista em ver essa coisa decolar da base de lançamento em 2021, pelos resultados que estou vendo, [mas] ainda tem muito chão pela frente”, disse Zurbuchen. Ele ainda acrescentou que a NASA e seus parceiros precisarão aprender uma “nova eficiência” para trabalhar em condições de pandemia e que um cronograma revisado de lançamento não será avaliado até julho.

Uma possível data de lançamento em 2021, considerando tudo o que está acontecendo, é realmente bastante animadora, e mal podemos esperar para ver este telescópio decolar.

O JWST é o observatório sucessor do Hubble, que está em atividade há 30 anos. Uma vez no espaço, o telescópio infravermelho “olhará muito mais de perto o início dos tempos e buscará a formação não observada das primeiras galáxias, além de observar as nuvens de poeira onde estrelas e sistemas planetários estão se formando hoje”, segundo a NASA.

O telescópio também será capaz de escanear as atmosferas de exoplanetas distantes, representando um salto potencialmente enorme para os cientistas em busca de mundos habitáveis.

Mas o JWST está provando ser uma máquina excepcionalmente complexa de se construir e testar, pois apresenta nada menos que 300 pontos únicos de falha, como publicado no Space Policy Online no início do ano.

O telescópio está atualmente na fase de integração e teste de seu desenvolvimento, mas a pandemia forçou a NASA e a Northrop Grumman a desacelerar as coisas. Como relata o SpaceNews, o trabalho não parou completamente nas instalações da Northrop, no sul da Califórnia; a empresa agora opera cinco turno de oito horas por semana, em oposição aos 12 turnos habituais de 10 horas.

O JWST deveria ser lançado há cerca de 10 anos atras, a um preço inicial de US$ 1 bilhão. Mas como Eric Berger relata no Ars Technica, a estimativa de custou atual para seu desenvolvimento chegou a US$ 9,7 bilhões. Infelizmente, o projeto JWST colocou em dúvida a capacidade da NASA de gerenciar missões emblemáticas — uma preocupação que Zurbuchen quis abordar durante a reunião.

“A NASA precisa fazer missões emblemáticas. Precisamos aprender como fazer missões emblemáticas”, disse ele. “Sendo franco, parte de ser líder no espaço significa que precisamos fazer coisas que ninguém jamais havia feito antes. Especialmente na astrofísica, e também em algumas das ciências planetárias, mas há outros campos em que algumas dessas missões emblemáticas são as únicas ferramentas para levar as coisas adiante.”

Ao que ele acrescentou: “O desafio das missões emblemáticas, e estamos gastando muito esforço e tendo muito aprendizado com isso, tem sido gerenciá-las de maneira que não canibalize outras iniciativas.”

Em notícias mais positivas, a NASA ainda espera lançar o rover Perseverance para Marte em julho, embora a data tenha sido atrasada em três dias devido a um problema não revelado. Estamos de dedos cruzados por aqui.

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