Bebês com mães bilíngues têm ondas cerebrais diferentes
Conversar com os bebês quando ainda estão dentro da barriga de suas mães já é um hábito disseminado em muitas culturas. A ciência já comprovou que esse comportamento cumpre um papel no aprendizado da linguagem depois que a criança nasce. Mas um novo estudo demonstrou que ele pode ter impacto até mesmo nas ondas cerebrais que assimilam falas durante os primeiros dias de vida.
A pesquisa, publicada apenas como preprint, comparou esse processo entre bebês com mães bilíngues e aqueles cujas mães falavam apenas um idioma.
Entenda a pesquisa das mães bilíngues
No total, a pesquisa contou com a participação de 131 bebês recém-nascidos, com idade entre um e três dias. Entre eles, 53 tinham mães que falavam apenas espanhol, enquanto as mães dos outros 78 falavam tanto o espanhol quanto o catalão.
Todos os bebês tiveram sua atividade cerebral monitorada por eletrodos. O equipamento registrou a resposta de seguimento de frequência, um marcador que reflete a eficiência com que os sons da fala são processados.
Então, os pesquisadores tocaram para os bebês uma série de sons. Cada gravação tinha apenas um quarto de segundo. Quando observaram as respostas cerebrais dos neurônios que realizam o processamento auditivo, notaram que as crianças com mães bilíngues tinham uma razão de sinal-ruído mais baixa.
Estímulos desde a barriga
Segundo os cientistas, o sinal-ruído mede a força do som que quer comunicar algo em relação aos ruídos que estão em volta. Em geral, uma razão mais baixa desse indicador sugere um compreendimento de melhor qualidade.
Dessa forma, os pesquisadores consideram que os bebês nascidos de mães bilíngues são mais sensíveis às frequências da fala. Para eles, uma possível explicação para isso é o fato da fala em diferentes idiomas apresentarem sinais sonoros mais complexos à criança desde a barriga.
“Isso destaca como a exposição a múltiplos idiomas durante a gravidez afeta a codificação neural dos sons da fala no nascimento e serve como evidência convincente do papel intrincado que as experiências pré-natais desempenham na formação da aquisição precoce da linguagem”, conclui, por fim, Nayeli Gonzalez-Gomez, autora do estudo.