Ciência

Carne de cobra pode ajudar a alimentar o mundo, diz estudo

Cientistas sugerem que carne de cobra píton pode ser fonte de proteína no futuro; pesquisa detalha características do animal que contribuem para isso
Imagem: Wikimedia Commons/ Reprodução

Em um novo estudo publicado na revista Scientific Reports, cientistas sugerem que a carne da cobra píton pode ser uma alternativa para garantir a segurança alimentar e, talvez, uma produção de fontes de proteína mais sustentável.

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Na pesquisa, os especialistas apontam para a possibilidade de criar as cobras píton com essa finalidade. Segundo o estudo, essa espécie tem capacidade de crescimento rápido, além de conseguir manter seu peso em situações desfavoráveis, o que seriam vantagens para a criação dos animais.

Além disso, em locais como sudeste e leste da Ásia, além de partes da América Latina e da África, bilhões de pessoas já consideram a carne de cobra um alimento culturalmente aceitável. De acordo com os pesquisadores, a carne de píton é “bastante saborosa e versátil”.

“São realmente apenas as culturas ocidentais (que têm poucos répteis grandes ocorrendo naturalmente) que ainda não foram expostas a isso,” afirma Dan Natusch, um dos autores do estudo.

Por que as cobras pítons?

Durante os últimos anos, Natusch e outros pesquisadores estavam trabalhando com fazendas comerciais de pítons no Vietnã e na Tailândia. O estudo buscava identificar se há uma diferença entre as cobras criadas na natureza das criadas em cativeiro.

Então, notaram que as pítons de criação tinham uma propensão a um crescimento rápido. Para os pesquisadores, isso se deve ao fato das cobras serem ectotérmicas, ou seja, animais de sangue frio.

Dessa forma, sua temperatura corporal é controlada pelo ambiente ao seu redor, o que faz com que elas não precisem gastar energia para produzir calor. De acordo com os cientistas, isso permite que as pítons convertam o alimento em massa corporal de maneira mais eficiente.

Além disso, Natusch estudou pítons-reticuladas (Malayopython reticulatus) e pítons-birmanesas (Python bivittatus) nas fazendas para compreender a relação entre o que elas comiam e como cresciam.

Os pesquisadores se surpreenderam com a capacidade das cobras manterem peso mesmo em condições adversas. Por exemplo, muitas passaram meses sem comer e também não perderam muita massa corporal.

Carne de cobra píton

Com isso, os cientistas acreditam que as pítons oferecem uma resistência valiosa durante uma grande interrupção no sistema alimentar. “Por esperarmos uma volatilidade econômica e climática global ainda maior no futuro, as pítons poderiam ser uma solução para esses desafios,” explica Natusch. 

Dessa forma, os autores da pesquisa sugerem que a criação de carne de pítons pode ser parte da solução para alimentar uma parte do mundo que já está sofrendo de grave deficiência de proteína.

No entanto, os pesquisadores ressaltam que ainda é cedo para apostar nisso. Eles destacam a importância de mais estudos, incluindo análises do impacto ambiental de criar esses animais e do conteúdo nutricional da carne de cobra píton.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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