Casos de infectados pelo coronavírus fora da China ligam alerta para melhor contenção da doença

Aparecimento de casos fora da China, em países como Irã, Itália e Coreia do Sul, começa a ligar alerta para contenção do vírus.
Trabalhador da área da saúde em nova instalação na Coreia do Sul para receber infectados com COVID-19. Crédito: Getty Images
Trabalhador da área da saúde em nova instalação na Coreia do Sul para receber infectados com COVID-19. Crédito: Getty Images

A perspectiva de que o novo coronavírus, cujo surto tem estado até agora confinado em grande parte à China, possa se tornar uma pandemia parece mais provável atualmente. Essa semana, vários países relataram grupos locais da doença fora da China continental, sugerindo que o vírus está circulando livremente por aí. Entretanto, um novo relatório estima que apenas um terço dos casos não-chineses está sendo documentado.

Nesta sexta-feira (21), oficiais de saúde sul-coreanos relataram um salto dramático de casos de COVID-19, como a doença é oficialmente conhecida. Existem atualmente 204 casos, mais que o dobro do número reportado no dia anterior. O ministro da Saúde do Irã reportou 13 novos casos na sexta-feira, elevando o total do Irã para 18, além de quatro mortes. A Itália relatou seis novos casos, todos eles não relacionados a viagens da China.

No total, houve cerca de 76 mil casos de COVID-19, com mais de 2.100 mortes, quase todas na China, desde que o surto começou em dezembro de 2019. Houve mais de 1.000 casos fora da China, com a maior parte dos casos — mais de 600 pessoas envolvidas a bordo do navio de cruzeiro Diamond Princess, agora retidos na costa do Japão.

Pintura em aquarela de um coronavírus que entra nos pulmões, cercado por muco. Crédito: David S. Goodsell (CC BY 4.0)Pintura em aquarela de um coronavírus que entra nos pulmões, cercado por muco. Crédito: David S. Goodsell (CC BY 4.0)

Esta nova onda de casos na Coreia do Sul e em outros lugares indica que estamos caminhando para uma fase perigosa do surto. O vírus (formalmente conhecido como SARS-CoV-2) está agora aparecendo rotineiramente em pessoas que não estiveram na China. Em locais como o Irã, estamos também vendo casos em que a cadeia de transmissão é um mistério. Isso significa que existem pontos cegos onde o vírus está se espalhando em comunidades sem ser detectado. Quanto mais centelhas de doença não forem observadas num país, maior a probabilidade de irromperem num incêndio que irá sustentar o surto e transformá-lo numa pandemia.

Oficiais de saúde da OMS (Organização Mundial da Saúde) também estão alertando para os perigos da condição.

“Acredito que a janela de oportunidade [para conter o surto] ainda está aí, mas esta janela esta reduzindo cada vez mais”, disse Tedro Adhanom Ghebreyesus, diretor geral da OMS, durante coletiva de imprensa nesta sexta-feira.

Nesta sexta-feira, epidemiologistas do Imperial College London, no Reino Unido, também divulgaram seu último relatório sobre o surto. Eles concluíram que as rigorosas restrições de viagem e quarentenas implementadas na China, que não vieram sem controvérsia, provavelmente retardaram o surto em todo o mundo. Mas a situação ainda parece terrível. Eles estimaram que dois terços de todos os casos relacionados com viagens fora do país passaram despercebidos, “resultando principalmente em múltiplas cadeias de transmissão ainda não detectadas de humano para humano fora da China continental”.

Países mais ricos, como os Estados Unidos, estão mais bem equipados, mas não são necessariamente mais inteligentes para evitar que os casos se espalhem. Mas na sexta-feira, as autoridades sanitárias anunciaram mais 19 casos, elevando o total dos EUA para 34, embora o aumento se deva em grande parte aos passageiros que retornaram do navio do cruzeiro Diamond Princess. Mas eles alertaram que mais casos iriam sem dúvida aparecer.

“Este novo vírus representa uma tremenda ameaça à saúde pública”, disse Nancy Messonnier, diretora do Central Nacional de Imunização e Doenças Respiratórias, em uma coletiva de imprensa realizada na tarde desta sexta-feira.

Em muitos outros países, com sistemas de saúde mais fracos, a disseminação da doença pode ser mais difícil de ser evitada. Um grande problema, destacado por Tedro durante a coletiva de imprensa de OMS, é a falta de recursos que estão sendo canalizados para esses países.

No início deste mês, a OMS pediu aos países membros que lhe enviassem US$ 61,5 milhões para ajudar a combater o surto. Mas até 19 de fevereiro, os países se comprometeram coletivamente a doar menos da metade (US$ 26 milhões) e apenas US$ 1,2 milhão foram recebidos, de acordo com a OMS. É claro que o surto já atingiu duramente a economia da China, e uma pandemia custará sem dúvida muito mais vidas e dinheiro ao mundo do que a OMS está pedindo agora.

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