A China está planejando lançar ao espaço um conjunto de telescópios para caçar exoplanetas próximos do Sistema Solar. O objetivo é encontrar planetas parecidos com a Terra e que tenham ambientes propícios para a vida.
O conceito foi apresentado na última segunda-feira (24), durante as comemorações do Dia Espacial da China, em referência ao lançamento do primeiro satélite do país ao espaço, em 1970.
O projeto, batizado de Miyin, deve ser inaugurado em 2024, quando um satélite experimental será implantado em órbita. Segundo a mídia estatal Global Times, o objetivo é que ele seja usado para realizar experimentos e validar tecnologias.
No ano seguinte, os chineses pretendem fazer testes de interferência óptica a bordo da Estação Espacial Tiangong. Esse tipo de tecnologia consiste em utilizar vários telescópios separados um do outro, mas com todos eles trabalhando em conjunto como se fossem um único e gigantesco telescópio. Isso já é feito na Terra, mas no espaço ainda é uma novidade.
Até 2030, é esperado que um conjunto básico de telescópios espaciais esteja pronto para iniciar a busca por outras “Terras”.
China passa na frente da NASA
Inicialmente, a ideia é implantar quatro telescópios coletores de luz e mais um instrumento combinador de imagens no ponto Lagrange L2 – onde também está localizado o Telescópio Espacial James Webb. Esses telescópios devem operar com distâncias de 40 a 300 metros um do outro, podendo fazer observações com resolução espacial de 0,01 segundos de arco para sistemas estelares localizados até 65 anos-luz da Terra.
Essa resolução é comparável (ou melhor) do que a missão HabEx (Habitable Worlds Observatory), proposta pela NASA, e que também será dedicada ao estudo de planetas fora do Sistema Solar. O HabEx deverá ser o sucessor do Webb, mas deve entrar em operação apenas na década de 2040 – ou seja, cerca de 10 anos após o início previsto para o projeto chinês.
Apesar de outras missões já terem sido lançadas no espaço para buscar exoplanetas, esta será a primeira vez que uma frota de telescópios vai trabalhar em conjunto para tal finalidade. A nova tecnologia foi descrita em um artigo publicado na revista Space Science & Technology, em fevereiro do ano passado.
A missão Miyin também poderá ser usada para observar outros alvos, como discos protoplanetários e núcleos galácticos ativos, além dos planetas e outros objetos em nosso Sistema Solar.
Isso inclui mapear a morfologia e propriedades físicas, a distribuição dos componentes moleculares, principalmente a água, além de estudar a origem e evolução da química do nosso sistema planetário. É previsto ainda pesquisas sobre o processo de formação das condições habitáveis da Terra e como se deu a origem da vida.
Se aprovado após o primeiro teste orbital, o projeto será liderado pela CASC (Corporação de Ciência e Tecnologia Aeroespacial da China), a principal empresa que presta serviços para o programa espacial chinês.