Ciência

Cientistas descobrem que vermes de Chernobyl são imunes à radiação

Descoberta em Chernobyl desafia as previsões anteriores sobre os impactos da radiação e abre novas perspectivas para a pesquisa médica e ambiental
Imagem: PNAS/Reprodução

Quase quatro décadas após o desastre nuclear de Chernobyl, um novo estudo trouxe à luz uma descoberta surpreendente: vermes microscópicos habitando a área mostraram-se resistentes à radiação.

A pesquisa, conduzida por cientistas da Universidade de Nova York, revelou que os genomas dos nematoides coletados na Zona de Exclusão de Chernoby não apresentavam danos decorrentes da radiação.

Os pesquisadores, em colaboração com colegas ucranianos e norte-americanos, coletaram amostras em 2019 para investigar os efeitos da radiação nos organismos. Os resultados indicaram que, ao contrário do esperado, os nematoides possuem mecanismos de reparo de DNA altamente eficazes, permitindo-lhes sobreviver em condições extremas.

Esta descoberta desafia as previsões anteriores sobre os impactos da radiação e abre novas perspectivas para a pesquisa médica e ambiental. A variação na reparação do DNA entre os nematoides pode fornecer insights valiosos sobre a resposta humana à radiação e ao câncer, sendo um avanço significativo para a ciência.

A pesquisa foi publicada na revista Proceedings of the National Academy of Sciences. A resistência desses vermes à radiação não apenas questiona o entendimento atual sobre a vida em ambientes extremos, mas também pode ajudar a desenvolver novas estratégias para o tratamento do câncer e a proteção contra radiações.

O desastre de Chernobyl

O acidente da Usina Nuclear Vladimir Ilyich Lenin, ou apenas Usina Nuclear de Chernobyl, é um dos eventos mais importantes da história recente da humanidade. Mikhail Gorbachev, último líder do regime soviético, o considerou como um dos principais motivos para a queda da URSS.

Na época, a insistência em um teste de segurança sob condições adversas resultou na explosão de um dos quatro reatores da usina. Mas o problema não parou por aí. Após a explosão, o núcleo do reator ficou exposto, dispersando então uma imensa quantidade de radiação na atmosfera.

Posteriormente, a nuvem radioativa alcançou países como Suécia, Finlândia, Alemanha e até mesmo na Grã-Bretanha. Estima-se que o acidente liberou uma quantidade de radiação 400 vezes maior que a explosão da bomba atômica em Hiroshima, na Segunda Guerra Mundial.

Mais de 600 mil pessoas trabalharam diretamente em Chernobyl para conter as emissões de radiação e até mesmo robôs do programa espacial soviético foram usados para a limpeza dos escombros. Contudo, eles não funcionaram como o esperado, já que deixavam de funcionar rapidamente por não resistirem às condições.

Atualmente, o prédio do reator 4 está no centro de uma grande estrutura de contenção para limitar ainda mais a dispersão de radiação. Especialistas estimam que o número de vítimas pode variar entre 20 mil e 93 mil. No entanto, os números oficiais da União Soviética, que nunca foram revisados, afirmam que houve apenas 31 mortes diretamente ligadas ao acidente.

Gabriel Andrade

Gabriel Andrade

Jornalista que cobre ciência, economia e tudo mais. Já passou por veículos como Poder360, Carta Capital e Yahoo.

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