Ciência

Cientistas desenvolvem anel com sensor para detectar hormônio no suor

Anel biossensor consegue medir nível de estradiol no suor; hormônio tem papel crucial na fertilidade feminina
Imagem: Caltech/ Nature/ Reprodução

Um médico diz que é necessário checar os níveis de seus hormônios e, então, você vai até um laboratório fazer um exame de sangue — cena comum de qualquer check up de rotina. Agora, uma nova invenção de cientistas do Instituto de Tecnologia da Califórnia, na Califórnia, pode facilitar esse processo.

Eles desenvolveram um anel que funciona como um biossensor e, ao captar o suor humano, consegue monitorar a taxa de um hormônio em específico: o estradiol. O estudo que desenvolveu a tecnologia foi publicado na revista Nature Nanotechnology.

Um novo tipo sensor

Antes do início do estudo, os pesquisadores sabiam que existem biomarcadores no suor das pessoas. Ou seja, quando alguém transpira, há certas substâncias do organismo presentes na água que o corpo libera e elas podem fornecer certas informações sobre a saúde do indivíduo.

No entanto, esses biomarcadores costumam aparecer em concentrações extremamente baixas no suor. Por isso, até agora, nenhum outro sensor havia conseguido detectar especificamente os hormônios reprodutivos.

Para isso, os pesquisadores utilizaram aptâmeros, que são pequenos trechos de DNA ou RNA de fita simples. Eles são projetados para dobrar de maneira a se ligar a alvos que — vão de moléculas pequenas a toxinas.

Então, para criar o sensor de estradiol, os cientistas projetaram um anel com duas camadas. Na primeira, há aptâmeros que reconhecem o hormônio. Na segunda, há um eletrodo de nanopartículas de ouro, coberto com um material chamado MXene. Esse material aumenta os sinais elétricos do dispositivo. 

Por fim, os pesquisadores carregam o anel previamente com fitas de DNA marcadas por um corante, que funciona na reação eletroquímica.

Dessa forma, quando colocado em um dedo, o biossensor gera uma pequena corrente elétrica para iniciar a produção de suor. Depois, atrai o líquido para um pequeno reservatório, onde os aptâmeros trocam as fitas de DNA com corante por estradiol. 

Então, essas fitas de DNA ficam livres e se juntam aos eletrodos, onde os níveis de corante são traduzidos para a medição do hormônio. Quando testado com suor artificial, o anel biossensor demorou apenas 10 minutos para detectar o nível de estradiol.

O dispositivo também tem em si sensores que monitoram a temperatura da pele, além do pH e da concentração de sal no suor. Assim, pode calibrar as medições hormonais em tempo real. Os resultados ficam disponíveis pelo celular.

Por fim, os pesquisadores testaram a medição do anel em comparação com um exame de sangue – e os valores corresponderam ao esperado.

O avanço na ciência

De modo geral, o estradiol é um hormônio com papel essencial para a fertilidade e saúde das mulheres. De acordo com os pesquisadores, há uma “forte demanda por tecnologias que forneçam mais informações sobre o status menstrual e de fertilidade das pessoas”.

Por isso, o anel biossensor é um grande avanço. Além de oferecer uma alternativa não invasiva, a tecnologia também permitida rapidez e praticidade no rastreamento de fertilidade e saúde feminina.

Outras possibilidades também podem surgir a partir da descoberta, uma vez que os aptâmeros podem ser projetados para mirar em quase qualquer coisa. Por exemplo, outros hormônios, como o folículo-estimulante, hormônio luteinizante, hormônio liberador de gonadotrofina e progesterona.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

fique por dentro
das novidades giz Inscreva-se agora para receber em primeira mão todas as notícias sobre tecnologia, ciência e cultura, reviews e comparativos exclusivos de produtos, além de descontos imperdíveis em ofertas exclusivas