Ciência

Cientistas encontram afluente do rio Nilo enterrado no Egito

Mapeamento com radares de satélite mostraram trecho do rio próximo às pirâmides de Gizé que foi enterrado após período de seca
Imagem: Jordi Orts Segalés/ Unsplash/ Reprodução

Há um afluente do rio Nilo que ninguém conhecia — até agora. De acordo com novo estudo publicado na revista Communications Earth & Environment, ele possui cerca de 64 quilômetros de comprimento e percorria um trajeto em que passava pelo complexo de pirâmides de Gizé.

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A pesquisa mostra que uma grande seca deve ter enterrado o trecho de água. Por isso, sob o deserto e terras agrícolas, permaneceu escondido por milênios. O afluente do rio Nilo ganhou dos cientistas o nome de Ahramat, que significa pirâmides em árabe.

Sobre a descoberta

A descoberta traz respostas a algumas dúvidas que cientistas tinham. Por exemplo, por que os egípcios decidiram construir 31 pirâmides ao longo dessa faixa de deserto, considerada inóspita até saberem da presença de água durante o novo estudo.

Além disso, na região em que passava, o afluente do rio Nilo pode ter sido usado para auxiliar o processo de construção dos monumentos. Isso porque ele devia oferecer um fluxo de água que permitia mover os materiais gigantescos usados na construção das pirâmides, erguidas entre 4.700 e 3.700 anos atrás..

Assim, os arqueólogos que estudam a região já imaginavam que por ali deveria ter algum curso d’água. “Mas ninguém tinha certeza da localização, forma, tamanho ou proximidade desse mega curso de água com o local real das pirâmides”, disse Eman Ghoneim, autor principal do estudo.

O que diz a pesquisa

Para o estudo, os pesquisadores usaram imagens de radar de satélite. Assim, puderam mapear a região para além da superfície de areia, o que inclui o afluente do Nilo soterrado e outras estruturas antigas.

Em seguida, os cientistas confirmaram a presença do rio analisando amostras coletadas em pesquisas em campo, que continham sedimentos do local. O estudo indica que o rio provavelmente foi soterrado depois da grande seca que atingiu a região, há 4.200 anos.

De acordo com a pesquisa, as pirâmides de Gizé ficavam a cerca de um quilômetro das margens do rio. Elas tinham em sua estrutura uma passarela que seguia o curso do rio e terminava nos Templos do Vale, que serviam como portos.

Dessa forma, os arqueólogos acreditam que o afluente do rio Nilo também serviu como local para transporte das comitivas funerárias, por onde os faraós eram recebidos em cerimônias que deviam acontecer nas passarelas. Em seguida, o cortejo levava as múmias para o local de sepultamento dentro da pirâmide.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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