Cientistas encontram nova espécie de pterossauro na costa de Angola
Depois de 13 anos reunindo ossos, como num quebra cabeça, uma equipe de cientistas descobriu uma espécie até então desconhecida de pterossauro na costa atlântica de Angola.
O esqueleto de 71,5 milhões de anos, que recebeu o nome de Epapatelo otyikokolo, é de um dinossauro voador de quase cinco metros de altura. Ele estava na mesma região onde antes haviam fósseis de grandes animais marinhos.
O nome vem do dialeto angolano Nhaneca, língua de indígenas da província angolana do Namibe, onde os fósseis foram encontrados. Na tradução, “Epapatelo” significa “asa” e “otyikokolo” lagarto.
A hipótese é que o pterossauro se alimentava de peixes e tinha comportamento parecido com as grandes aves marinhas que existem hoje.
“Eles provavelmente passaram um tempo voando acima de ambientes de mar aberto e mergulhando para se alimentar, como fazem os gansos-patola e os pelicanos”, disse Louis Jacobs, autor do estudo e paleontólogo da SMU (Universidade Metodista Meridional), dos EUA.
A equipe de cientistas identificou os primeiros 14 ossos do Epapatelo otyikokolo em 2005, na comunidade angolana de Bentiaba. O local é um verdadeiro “museu no solo”, porque muitos fósseis já foram escavados por lá. A maioria é de répteis marinhos do período Cretáceo (entre 145 milhões e 66 milhões de anos atrás), como mosassauro, plesiossauros e tartarugas.
Por que é importante
A descoberta é importante porque, apesar da incidência em Bentiaba, fósseis de pterossauros são extremamente raros na África subsaariana.
“Esta nova descoberta nos dá uma compreensão muito melhor do papel ecológico das criaturas que voavam sobre as ondas de Bentiaba, na costa oeste da África, há quase 71,5 milhões de anos”, disse Michael Polcyn, autor do estudo e pesquisador da SMU.
Além disso, os fósseis encontrados sugerem que algumas das espécies recém-identificadas de pterossauros podem ser ainda maiores que o Epapatelo otyikokolo. Alguns desses animais podiam ultrapassar os 10 metros, dizem os pesquisadores.
O estudo é parte do projeto PaleoAngola, que reúne paleontólogos de Angola, Portugal, Holanda e EUA. O registro das descobertas do Epapatelo otyikokolo estão em artigo publicado na revista científica Diversity, de setembro.