Cientistas identificam os genes por trás do vício em cannabis
Para tentar entender o que leva uma pessoa a gostar mais de cannabis do que outra, os cientistas da Universidade de Yale (EUA) analisaram o genoma de mais de um milhão de pessoas. Eles encontraram pistas de que a resposta pode estar no DNA.
O consumo e a dependência de drogas podem ser influenciados tanto pelos genes das pessoas como pelo seu ambiente. O que os torna extremamente difíceis de estudar, diz Daniel Levey, neurocientista e autor do estudo, publicado nesta semana na revista Nature.
“Mais de um terço dos indivíduos que usam cannabis desenvolvem transtornos por uso de cannabis (CanUD), e as evidências sobre o impacto da legalização na escalada do uso e dos transtornos por uso são contraditórias”, disse o pesquisador.
Além disso, no estudo eles também descobriram que algumas das mesmas regiões do genoma estão associadas a outras condições de saúde. Como câncer de pulmão e esquizofrenia.
A equipe usou dados de trabalhos anteriores e, além de identificarem regiões do genoma que possam estar envolvidas, os investigadores observaram uma ligação bidirecional entre o consumo excessivo de cannabis e a esquizofrenia.
Isso que significa que as duas condições podem influenciar-se mutuamente. O consumo de cannabis “é o fator de risco mais evitável” para a esquizofrenia, afirma Marta Di Forti, psiquiatra-cientista do King’s College London.
Mecanismos biológicos
Mais informações sobre os mecanismos biológicos que ligam o consumo de cannabis às condições de saúde fornecerão uma melhor base de evidências para a prática médica.
Agora, os cientistas precisam de continuar a pesquisa e utilizar os dados para compreender os riscos para a saúde do consumo de cannabis medicinal e recreativa.
A expectativa é que o estudo possa se expandir. Assim, os dados examinados poderão ser utilizados para identificar pessoas com maior risco de desenvolver perturbações psiquiátricas pelo consumo de cannabis.
Ação da cannabis medicinal no organismo
Os Canabinoides são um grupo de compostos químicos naturais, encontrados na planta de cannabis. Eles possuem propriedades neuroprotetoras, o que significa que têm ação protetora das células neurológicas.
Em geral, os Canabinoides atuam no sistema endocanabinoide do organismo humano. Ele consiste em uma rede complexa de sinais e receptores envolvidos no controle do movimento, memória, produção de hormônios e funções imunológicas.
Esse sistema envolve pelo menos dois tipos de receptores de canabinoides. Um conjunto está localizado no sistema nervoso central (CB1) e o outro nos órgãos e células do sistema imunológico (CB2).
Uma área do corpo que contém algumas das maiores concentrações de receptores CB1 é a substância negra – a mesma parte afetada pela doença de Parkinson.