Ciência

Clima: emissão de CO2 acelera e já é a mais rápida dos últimos 50 mil anos

Estudo internacional conduzido pela Oregon State University traz dados preocupantes que indicam um aumento mais rápido do que nunca nas emissões de CO2
Imagem: Freepik/Reprodução

As emissões de dióxido de carbono (CO2) estão acelerando em um ritmo sem precedentes nos últimos 50 mil anos. Usando amostras do núcleo de gelo da Antártica Ocidental, pesquisadores da Oregon State University capturaram dados preocupantes que indicam um aumento mais rápido do que nunca nas concentrações atmosféricas de CO2.

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Os cientistas analisam gases atmosféricos antigos presos em bolhas de ar no gelo da Antártida, recolhidos através de núcleos de perfuração até 3,2 quilómetros de profundidade. Durante a última era glacial, que terminou há cerca de 10 mil anos, houve períodos em que os níveis de CO2 aumentaram significativamente.

Os pesquisadores, ao analisarem núcleos de gelo da Antártica, associaram esses aumentos aos Eventos Heinrich do Atlântico Norte, que estão ligados a rápidas mudanças climáticas globais. Esses picos de CO2, que ocorriam a cada 7.000 anos, representavam um aumento de cerca de 14 partes por milhão em 55 anos. Atualmente, um aumento semelhante acontece em apenas 5 a 6 anos.

Estudos indicam que o fortalecimento dos ventos de oeste durante esses eventos antigos acelerou a liberação de CO2 do Oceano Antártico. Com as mudanças climáticas previstas para fortalecer esses ventos no próximo século, a capacidade do Oceano Antártico de absorver o CO2

Durante o maior destes aumentos naturais, o CO2 aumentou cerca de 14 partes por milhão em 55 anos. Esses saltos ocorreram aproximadamente uma vez a cada 7.000 anos. Hoje, esse aumento ocorre em apenas 5 a 6 anos, segundo estudo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.

Culpa do El Niño? Não é bem assim

Essa aceleração pode ser parcialmente atribuída a um padrão climático El Niño historicamente forte que se desenvolveu no ano passado.

No entanto, esse fenômeno apenas destaca uma tendência existente: as emissões globais de carbono estão aumentando, apesar da diminuição das emissões dos EUA e da desaceleração do crescimento das emissões globais.

A situação é tão grave que a Terra deve bater um novo recorde de emissões de CO2 em 2024. Isso é particularmente preocupante, pois supera um aumento recorde observado em 2016 e sinaliza os esforços falhos para reduzir as emissões globais de gases de efeito estufa e os danos que causam ao clima da Terra.

O aumento contínuo e acelerado do CO2 na atmosfera é um reflexo claro de que ainda estamos queimando mais combustíveis fósseis do que nunca.

Os níveis de dióxido de carbono naturalmente flutuam ao longo de cada ano, atingindo o pico em abril e maio e depois declinando até agosto e setembro, seguindo o ciclo de crescimento das plantas do hemisfério norte.

Por que as emissões de CO2 continuam aumentando?

As emissões de dióxido de carbono do mundo vêm principalmente da queima de combustíveis fósseis para a produção de energia e materiais.

Cerca de 86% das emissões globais são atribuídas a essa causa, com o restante decorrente da mudança de usos da terra, principalmente desmatamento e queimadas.

O Acordo de Paris estabeleceu metas ambiciosas para os países reduzirem suas emissões até 2030 e alcançarem a neutralidade nas emissões de dióxido de carbono em 2050.

No entanto, os dados atuais mostram que estamos longe de cumprir esses objetivos. Mais da metade das emissões de CO2 ocorreram nos últimos 30 anos, e o ritmo só tem acelerado.

Ondas de calor mais frequentes

As mudanças climáticas estão causando ondas de calor sem precedentes em várias regiões do mundo. Isso mesmo durante períodos de resfriamento global de curto prazo. No Brasil, por exemplo, os registros das chamadas ondas de calor aumentaram 642% nos últimos 60 anos no país.

É o que indica um estudo feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O levantamento estimou que o número de ondas de calor saltou de 7 para 52 em 30 anos. Os cálculos consideram todo o território brasileiro, entre os anos de 1961 e 2020.

Os dados indicam que houve aumento gradual das anomalias de ondas de calor ao longo do período analisado em praticamente todo o Brasil. Excluindo apenas a região sul, a metade sul do estado de São Paulo e o sul do Mato Grosso do Sul.

Gabriel Andrade

Gabriel Andrade

Jornalista que cobre ciência, economia e tudo mais. Já passou por veículos como Poder360, Carta Capital e Yahoo.

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