Ciência

Não é só onda de calor: clima quente vai tornar sua Páscoa mais cara

Mudanças no clima prejudicaram plantações de cacau na África Ocidental, e isso se reflete nos preços de chocolate mais caros na Páscoa
Imagem: Nik/ Unsplash/ Reprodução

Com a chegada da Páscoa, a procura por ovos ou barras de chocolate cresce muito. E, quase como um hábito anual, consumidores costumam se chocar com os valores. Nos últimos anos, há um motivo para isso: a crise do clima deixa os preços mais caros ao prejudicar as plantações de cacau mundo afora.

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Em geral, os cacaueiros crescem em uma faixa estreita de cerca de 20° de latitude ao redor do Equador. Dessa forma, os maiores produtores de cacau no mundo são países localizados nessa região. 

No ranking, nações da África Ocidental como Costa do Marfim e Gana estão no topo. Já o Brasil está em sexto lugar, segundo dados da ICCO (Organização Internacional do Cacau). 

Embora seja um dos grandes produtores, o país ainda não é auto suficiente, de modo que ainda importa amêndoas de cacau de outras nações. Assim, o que acontece em outras plantações em relação ao clima e os preços mais caros na Páscoa também pode afetar os produtos de chocolate vendidos no Brasil.

Mudanças climáticas e do El Niño

Com o aumento de episódios de calor extremo, fruto das mudanças climáticas, plantações de cacau da África Ocidental — de onde a maior parte do chocolate vem — sofreram perdas importantes.

Isso porque as temperaturas ultrapassaram 40°C, quebrando recordes em países como Costa do Marfim e Gana. Com tanto calor, a taxa de evaporação aumentou e as árvores de cacau perderam umidade.

Outro fator que impactou as plantações foi o El Niño. Ativo desde junho do ano passado, o fenômeno climático também influenciou a frequência de ondas de calor e a umidade.

Em dezembro do ano passado, Costa do Marfim e Gana também passaram por chuvas intensas. De modo geral, a precipitação total na África Ocidental foi mais que o dobro da média para a época.

Com isso, os cacaueiros enfrentaram uma infecção fúngica que fez os grãos do cacau apodrecerem nas árvores.

Como destacou a BBC, a escassez de cacau resultante dos impactos climáticos fez com que os preços do fruto disparassem para quase US$ 8.500 (R$42.300, em conversão direta) a tonelada. Marcas famosas de chocolate como a Hershey e a Lindt alertaram para o fato de que o aumento do valor do cacau iria se refletir no preço dos chocolates.

No Brasil, o aumento do valor do ovo de páscoa, para fornecedores, foi de 18% em relação a 2023. Isso, claro, acaba pesando na conta do consumidor final.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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