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Afinal, qual é a do Clubhouse? Mais uma rede social de palestrinhas?

Nova rede social cria salas de bate-papo por voz para até 5 mil pessoas. Oprah Winfrey e Elon Musk já deram as caras por lá.

Se você acessou alguma rede social nos últimos dias (principalmente o Twitter), deve ter se deparado com pessoas falando de Clubhouse — e não, não é aquela linha de sanduíches do McDonald’s. É, na verdade, uma nova rede social que vem atraindo o interesse de muita gente.

“Mais uma rede social?”, você vai dizer. Pois é, mais uma. Mas essa promete ser um pouco diferente: nada de feed, nada de texto, nada de foto, nada de vídeo. O negócio é áudio — mais especificamente, salas de bate-papo para conversar usando a voz. É quase como se os canais de voz do Discord ganhassem vida própria e um app separado.

As salas têm limite para 5 mil ouvintes, e qualquer pessoa pode tocar no botão de “levantar a mão” para pedir a palavra — aí cabe ao moderador liberar ou não aparticipação.

Você também pode seguir pessoas e clubes, como são chamados os grupos dedicados a discutir um assunto específico, para poder ver quando eles estão em alguma conversa.

As sessões têm hora marcada e duração definida. Além disso, o Clubhouse só tem app para iPhone (a versão para Android deve chegar “em breve”, segundo os desenvolvedores) e só está disponível para quem é convidado por um usuário da plataforma (um esquema meio Orkut, lembra?).

Por enquanto, o Clubhouse está em alta graças a alguns figurões. Segundo o G1, o as buscas pelo app cresceram 525% em uma semana. A apresentadora Oprah Winfrey, o ator Ashton Kutcher e o cantor Drake já deram as caras por lá. Muito do hype do app foi causado por Mark Zuckerberg e  Elon Musk — afinal de contas, basta ele falar qualquer coisa para muita gente ir ver o que é.

Outro ponto que ajuda no burburinho sobre a plataforma é que nada é gravado: ou você ouve a conversa no momento em que ela está acontecendo, ou já era, perdeu. A coisa está crescendo tanto que até bloqueio na China já rolou.

Usando o Clubhouse

Eu consegui um convite para o Clubhouse na tarde desta segunda-feira — confesso que a ideia do app não me fisgou muito, mas fui dar uma olhada para ver como ele é. O convite chega por SMS com um link para download do app. Depois, é só baixar, instalar e colocar seu número de telefone para validar o cadastro. Dá para importar as informações do Twitter como nome, foto e username, facilitando bastante o processo.

Em outro passo, você escolhe os tópicos que interessam, e as opções são bem variadas, indo de criptomoedas e startups a karaokê e veganismo. Também dá para escolher idiomas, obviamente, para ajudar na fluidez do bate-papo. Depois, o app mostra na tela inicial uma série de salas com conversas sobre os temas que você escolheu. Eu cometi o erro de escolher anime e mangá na minha lista de interesses, o que fez o app me recomendar muitas salas em japonês.

Em um primeiro passeio, fui parar em uma sala em que o humorista Rafinha Bastos e o cantor Tico Santa Cruz discutiam cultura do cancelamento.

Nem tudo é sério, porém: entrei em uma sala de “desempreendedorismo”, do podcaster Daniel Sartório, com pessoas dando dicas para perder dinheiro e amigos (“casamento, por exemplo, você perde dinheiro casando e perde amigos na hora de fazer a lista de convidados”, disse uma das participantes). Deu para dar umas risadas.

A home também me indicou um grupo de fãs da cantora Anitta — entrei e estavam falando de BBB. Outro grupo, de uma amiga minha, também falava do reality show da Globo. Uma sala da jornalista Manuela Barem, tinha como objetivo cantar as mais românticas da MPB. Também passei por uma sala do rapper 21 Savage, um grupo dedicado a discutir misticismos e um para conversar sobre basquete britânico.

Um aspecto curioso é que, como a rede ainda é bem nova, não é todo assunto que já tem uma sala — não encontrei nenhum grupo para o time de futebol do Liverpool, por exemplo, mas passei por torcedores do Arsenal discutindo o desempenho do técnico Mikel Arteta.

Não tive muita paciência para passar de dois minutos em cada sala. No entanto, foi diferente do que eu esperava: alguns amigos haviam relatado que o app estava se tornando o paraíso dos gurus de marketing e finanças, um lugar cheio de palestras que mais parecem aqueles posts que você está acostumado a ver no LinkedIn. Mesmo assim, acho que isso não vai me convencer a passar muito mais tempo no app — eu prefiro o silêncio e as trocas de mensagens por escrito.

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