Como detectar se você está com burnout no home office

O home office ganhou muita adesão durante em 2020, com o início da pandemia de Covid-19. No entanto, mesmo após o fim da quarentena e a retomada das atividades presenciais, muitos profissionais continuaram a trabalhar de casa. A Microsoft, por exemplo, foi uma das empresas que anunciou a permanência do regime remoto para seus funcionários. Isso pode causar o burnout?

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O que é o burnout?

Embora o trabalho remoto permita uma maior flexibilidade, os trabalhadores não estão imunes às chamadas doenças do trabalho, como o burnout. Isso porque a falta de limites de espaço e tempo entre trabalho e vida doméstica, incluindo as horas dedicadas ao serviço e a conciliação das tarefas pessoais e profissionais podem provocar o esgotamento.

Pensando nisso, o Giz Brasil consultou Thais Requito, consultora especialista em Mindfulness e Produtividade Sustentável pelo Centro de Mindfulness de Oxford, para explicar as causas e como diagnosticar e combater o problema.

De acordo com Requito, o termo burnout é “um fenômeno ocupacional, ou seja, é proveniente, exclusivamente, do trabalho”. Ele não possui uma causa específica, mas sim um “conjunto de sinais e sintomas multifatoriais”. Além disso, pode se encaixar em três categorias:

• Exaustão: falência quase completa das funções cognitivas e da capacidade mental e física;
• Despersonalização: distanciamento mental do trabalho, negativismo ou cinismo e desconexão de si mesmo;
• Redução da realização profissional: perda de sentido e propósito, isolamento e baixa tolerância a pessoas.

Causas e sintomas do burnout no home office

Segundo uma pesquisa recente da Gallup, 5 estressores externos se correlacionam com o burnout. São eles: tratamento injusto no trabalho; carga de trabalho incontrolável; pouca clareza na comunicação dos gestores; falta de apoio do gestor; e pressão exagerada por prazos.

Já no home office, alguns dos principais problemas específicos incluem excesso de reuniões e ambiente doméstico não adaptado para o trabalho.

Ademais, alguns comportamentos e perfis de trabalhadores podem contribuir como motivadores externos. Perfeccionismo, necessidade de validação externa e dificuldade em estabelecer limites são alguns deles. Dessa forma, profissionais viciados em trabalho, perfeccionistas ou que visam sempre agradar os outros são os mais propensos a sofrer com a sobrecarga.

Os principais sintomas do burnout são cansaço excessivo, físico e mental; dor de cabeça frequente; alterações no apetite; insônia; dificuldades de concentração; sentimentos de fracasso e insegurança; negatividade constante; alterações repentinas de humor. Psicólogos e psiquiatras podem diagnosticar o problema.

Como prevenir e combater o burnout

Requito afirma que, a fim de prevenir o burnout, é necessário que as empresas invistam no bem-estar na cultura da companhia, na capacitação dos gestores para atuar contra o problema e no trabalho em equipe, a fim de aliviar a carga individual.

Contudo, a nível pessoal, o tratamento requer tempo e paciência, bem como mudança de hábitos e mentalidade. O primeiro passo é tomar consciência do burnout. Em seguida, é preciso se afastar dos gatilhos do problema, focar na saúde física e mental e pedir ajuda. Confira as dicas da especialista:

• Saiba que o burnout se trata de uma resposta fisiológica ao estresse prolongado e não uma falha pessoal;
• Se possível, delegue tarefas, faça uma pausa, tire férias e se ofereça tempo/espaço para reduzir a pressão;
• Medite, durma o suficiente, se alimente bem, faça atividades físicas e se desconecte da tecnologia;
• Revise prioridades e metas, estabeleça limites e comunique necessidades de forma assertiva;
• Peça ajuda de familiares, amigos, colegas e profissionais da saúde.
• Faça pequenas mudanças que estejam ao alcance dos seus recursos atuais.

Thais Requito. Imagem: Divulgação/ComunicaPR

“A recuperação de um burnout é, muitas vezes, um processo lento e longo. É importante fazer pequenas mudanças, que estejam ao alcance dos seus recursos atuais, ao invés de tentar mudar todos os aspectos da vida de uma só vez”, relatou Thais Requito em seu depoimento ao Giz Brasil.

Por fim, a especialista acha que “muitas pessoas emergem do burnout mais conscientes de suas necessidades, com uma vida mais equilibrada e completa. Por isso, celebre suas pequenas conquistas diárias e seja gentil com você mesmo durante o processo”.