Um artigo publicado em 29 de dezembro no medRxiv, repositório de artigos ainda não divulgados em revistas científicas, chamou a atenção de especialistas. O estudo descreve a variante IHU, que parece ter 46 mutações e 37 deleções em seu código genético, muitas delas relacionadas à proteína spike (chave de entrada do vírus).
Apesar do número de mutações assustar, vale um disclaimer: não se sabe ao certo se a variante IHU pode ser tornar um problema como delta e ômicron. Para começar, o estudo não passou pela revisão por pares e, consequentemente, não foi publicado em nenhuma revista científica. Por conta disso, seus resultados devem ser considerados preliminares.
A variante foi detectada pela primeira vez na França em meados de novembro. Sim, ela pode ter chegado primeiro do que a Ômicron. E por que não ouvimos falar sobre ela?
O primeiro paciente parece ter sido um viajante que testou positivo para a Covid-19 após voltar de Camarões, na África. Ele estava vacinado e teve apenas sintomas leves. Além dele, apenas outras 11 pessoas que viviam próximas também contraíram a variante.
Isso significa que as informações que cientistas coletaram provêm de 12 casos que foram identificados há mais de um mês. Por conta disso, é cedo para dizer se a variante é mais transmissível, causa sintomas graves ou apresenta escape às vacinas.
Vale também uma menção sobre o nome escolhido. Esta é, na verdade, a variante B.1.640.2. O apelido IHU vem de Méditerranée Infection University Hospital Institute (IHU), o centro de pesquisa em Marselha, na França, em que trabalha a equipe de cientistas que sequenciou o vírus.
As variantes que levam letras gregas em seus títulos são nomeadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Para isso, a agência avalia seus riscos potenciais e a classifica como variante de interesse, variante de preocupação ou mesmo variante sob investigação. Por enquanto, a variante IHU não se enquadra em nenhuma destas caixinhas devido a falta de dados.