Cuba diminui restrições à internet e legaliza Wi-Fi privado e roteadores importados

Cuba flexibiliza acesso à internet, que atualmente é controlado pelo governo, e anuncia que vai permitir wi-fi particulares e roteadores importados.
Crédito: AP

Se você quiser se conectar à internet em Cuba, atualmente, é necessário ir a um hotspot sancionado pelo governo, construir seu próprio hotspot ilícito utilizando roteadores ilegais, ou criar um hotspot com uma cara conexão 3G em seu celular. Mas isso deve mudar em breve, de acordo com a Associated Press.

O Ministro de Comunicação (Mincom) de Cuba anunciou na quarta-feira (29) que o governo vai permitir que as pessoas configurem sua própria rede Wi-Fi particular em suas casas. A companhia de telecomunicação estatal Etecsa, a única provedora de internet na ilha, vai continuar a operar sem competição, mas o país vai liberalizar políticas que proibiam a importação de roteadores para uso pessoal. As mudanças deverão ser implantadas oficialmente até julho deste ano.

Historicamente, Cuba tem uma das leis de internet mais restritivas do mundo, banindo qualquer site de notícias que critique o governo. Mas, nos últimos anos, tem ocorrido algumas mudanças lentas, mas contínuas, permitindo que as pessoas se conectem de uma maneira que antes não podiam. Os cubanos só tiveram acesso à internet móvel recentemente, em dezembro de 2018.

Conforme observado pelo site de notícias alemão DW, as mudanças em relação ao Wi-Fi privado podem, potencialmente, permitir também que cafés com internet privados operem também, embora isso seja apenas especulação por enquanto. Os cafés com internet operados pelo governo foram inaugurados no país em 2013, mas os altos custos ainda são um obstáculo para a maioria dos cubanos. Um pacote de dados de 600 megabytes da Etecsa custa em torno de US$ 7, o que é um valor alto considerando que a média salarial de Cuba é de apenas US$ 30 a US$ 50 por mês.

Segundo a DW:

Ao anunciar as medidas, o Mincom afirmou que as mudanças iriam: “Contribuir para a computadorização da sociedade, o bem-estar dos cidadãos, a soberania do país e a prevenção contra os efeitos nocivos de radiação não-ionizante”.

O Google tentou estabelecer uma presença em Cuba em 2014, mesmo antes do ex-presidente Barack Obama tentar normalizar as relações com o país comunista. Mas Cuba tem se mostrado hesitante em deixar muitos estrangeiros controlarem sua infraestrutura de informação – talvez com bons motivos. Os EUA tentaram criar seu próprio “Twitter cubano” contra o governo de 2009 a 2012 com a rede social ZunZuneo, que funcionava com mensagens de texto. ZunZuneo é uma gíria cubana para o som de um beija-flor (tweet). O objetivo era criar artificialmente uma revolta popular contra o governo, que obviamente falhou.

O programa, operado pela Agência de Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos (USAID, em inglês) foi encerrado, mas apenas porque o esquema foi denunciado por um repórter da Associated Press em 2014. O Google assinou um acordo em março para criar sua própria conexão de internet em Cuba, embora os detalhes ainda não tenham sido definidos.

O Google não respondeu imediatamente ao pedido de comentários do Gizmodo.

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