De onde vem o “café da altitude” que custa R$ 128 a xícara

Grão de café do Panamá é um dos mais apreciados e premiados no mundo e chega a custar R$ 3.000 o quilo. Saiba mais do geisha
De onde vem o "café da altitude" que custa R$ 128 a xícara
Imagem: GC Libraries Creative Tech Lab/Unsplash/Reprodução

Uma xícara de 130 ml desse café, vendido pela cafeteria Pato Rei, de São Paulo (SP), custa nada menos de R$ 128. Por que tão caro? Tudo tem a ver com a origem do grão. 

Segundo reportagem da Folha de S.Paulo, trata-se de um grão geisha, cultivado no distrito de Boquete, uma tradicional região cafeeira do Panamá, na América Central. As mudas de café ficam a 1.650 metros de altitude, em uma área sombreada e cercada por floresta nativa. 

Mas não é só isso. Toda a plantação é orgânica e os frutos são colhidos manualmente, um por um, além de fermentados com levedura selvagem. 

Qual é o gosto? 

Só a descrição enche a boca. O café de R$ 128 por xícara tem aroma floral e notas de mel de flor de laranjeira, maracujá azedo, melão cantaloupe e flor de café. Enquanto esfria, ganha sabores de graviola, bala de uva verde e capim limão. 

Estamos falando do geisha (ou gesha), uma variedade de café arábica que surgiu pela primeira vez no vilarejo de Geisha, na Etiópia. Mas no Panamá essa cultura parece ser mais fértil: foi ali, inclusive, que se transformou em uma qualidade de café reconhecida mundialmente. 

Hoje, lotes de café geisha são vendidos em leilões renomados por preços bem salgados. Anteriormente, no ano passado, um microlote produzido pela fazenda Lamastus Family Estates, do Panamá, vendeu 1 kg do grão por US$ 13.302 (ou cerca de R$ 65 mil no câmbio atual). Sim, R$ 65 mil por um quilinho de café. 

O dono da Pato Rei, Tiago de Mello, disse que comprou os grãos verdes por US$ 600 (quase R$ 3 mil) por quilo. No processo de torra, há uma perda de 20% no peso. Assim, a cafeteria só vai oferecer 30 xícaras desse café, com doses numeradas. 

Por que é tão caro? 

A variedade geisha é bastante popular nas competições de alto nível de café, como o WBC (World Barista Championship) e o WBrC (World Brewers Cup). 

O primeiro elege, todos os anos, o melhor profissional do preparo de cafés do mundo, e o segundo foca nos cafés coados. Dos nove vencedores do WBrC de 2011 a 2019, sete conquistaram o título com cafés geisha. 

O preço pode deixar controvérsias, mas o café geisha oferece, de fato, um sabor marcante e chama a atenção pelo aroma floral e exótico. E se o desejo não for pagar tão caro por 130ml de café, a cafeteria paulista também oferece outros dois geishas do Panamá a preços mais baixos: R$ 88 e R$ 64. 

Julia Possa

Julia Possa

Jornalista e mestre em Linguística. Antes trabalhei no Poder360, A Referência e em jornais e emissoras de TV no interior do RS. Curiosa, gosto de falar sobre o lado político das coisas - em especial da tecnologia e cultura. Me acompanhe no Twitter: @juliamzps

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