O foguete chinês Longa Marcha 5B-YA, de 23 toneladas, voltou à Terra desgovernado e caiu no Oceano Pacífico, nesta sexta-feira (4). No Twitter, o Comando Espacial dos EUA confirmou a entrada da espaçonave na atmosfera às 7h33 (horário de Brasília).
#USSPACECOM can confirm the People’s Republic of China Long March 5B #CZ5B rocket re-entered the atmosphere over the south-central Pacific Ocean at 4:01am MDT/10:01 UTC on 11/4. For details on the uncontrolled reentry’s impact location, we once again refer you to the #PRC.
— U.S. Space Command (@US_SpaceCom) November 4, 2022
A nave transportou o terceiro e último módulo da estação espacial Tiangong, da China, na segunda-feira. Apesar da missão ter dado certo, ainda havia dúvidas sobre o local exato de onde cairiam o foguete e seus pedaços de metal na volta à Terra.
Por causa da incerteza, a Espanha fechou seu espaço aéreo na manhã desta sexta-feira. Aeroportos na região mediterrânea do país interromperam os serviços de pouso e decolagem para evitar possíveis acidentes.
O foguete chinês não foi o primeiro e nem deve ser o último a voltar para a Terra depois de uma viagem ao espaço. O que intrigou os especialistas é que Pequim não divulgou o local exato ou sequer uma estimativa regional de onde a nave cairia.
Segundo Ted Mulhaupt, consultor da Aerospace Corporation, grupo que realiza pesquisas espaciais com o financiamento do governo dos EUA, os engenheiros chineses que projetaram a espaçonave não incluíram nenhuma maneira de guiar o propulsor para uma parte vazia da Terra, por exemplo.
“O mundo não lança deliberadamente coisas tão grandes com a intenção de que elas caiam em qualquer lugar há pelo menos 50 anos”, disse ao jornal New York Times.
China informou queda horas antes
A Agência Espacial Tripulada da China emitiu um comunicado nas últimas horas antes da queda da aeronave com a altitude do perigeu e apogeu da órbita terrestre. Essas medidas, junto com a inclinação da órbita, traziam uma estimativa de onde o foguete iria cair.
Em resposta às críticas, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Zhao Lijian, disse que a espaçonave foi projetada para representar menos perigo no retorno à atmosfera.
“O foguete é projetado com tecnologia espacial. A maioria dos componentes vai queimar e ser destruída durante a reentrada”, afirmou o diplomata. “A probabilidade de causar danos às atividades áreas e no solo é extremamente baixa”.
Dois dos três lançamentos anteriores das naves chinesas Longa Marcha 5B-YA – um dos mais poderosos em operação hoje – caíram na Terra em áreas povoadas. O primeiro foi em 2020, quando alguns detritos da nave pousaram em uma vila na Costa do Marfim, na África. Em julho deste ano, peças do foguete caíram na Malásia, no sudeste asiático.
Em 2023, a China deve lançar o foguete mais uma vez. A missão deve colocar o telescópio espacial Xuntian em órbita. O equipamento equivale, em termos tecnológicos, ao telescópio Hubble, da NASA.