Desistir do Windows Phone não foi boa ideia, reconhece CEO da Microsoft
O Windows Phone era um sistema móvel promissor. Apesar do potencial de ser a terceira via ao Android e iPhone, o software não decolou e foi oficialmente descontinuado quase dez anos depois. Essa decisão, no entanto, não foi definitivamente a melhor de todas, como aponta agora o CEO da Microsoft, Satya Nadella.
O reconhecimento surgiu em uma entrevista à Business Insider publicada no dia 22 – um dia após o Windows Phone completar 13 anos de vida. Em uma das perguntas, o portal questionou se existia algum tipo de erro estratégico ou decisão errada na qual o executivo se arrepende.
Sem delongas, Nadella citou a “saída” do que chamou de “telefone celular, conforme definido na época”.
“Uma das decisões mais difíceis que tomei quando me tornei CEO”, disse. “Acho que poderia ter havido maneiras de fazer isso funcionar, talvez reinventando a categoria de computação entre PCs, tablets e telefones.”
Nadella não chega a citar exatamente o Windows Phone ou Windows 10 Mobile, como foi chamado depois. Todavia, a conexão fica ainda mais clara quando o executivo diz que é a decisão “que muitas pessoas falam”. Afinal, o sistema faz falta para muitas pessoas até hoje (inclusive para este que vos escreve):
Todos aqui concordam quem o Windows Phone foi o maior ato pop da indústria de smartphones? pic.twitter.com/SrJIMBqz13
— 🐴 cowboy léo 🤠 (@oleoliveira_) October 24, 2023
Windows Phone era incrível! O sistema era extremamente fluído, muito satisfatório de usar, melhores câmeras da época, tecnologia à frente ao seu tempo em várias coisas como o modo desktop por exemplo, fora as Live Tiles eram coisa de outro mundo.
Sinto muita falta.— OrangePiccolo ᶠᶠᶜ 🇭🇺 (@OrangePiccoloBR) October 24, 2023
Windows Phone foi um dos maiores sucessos do ano 2010
Retornemos para 2010, quando Joe Belfiore, ex-vice-presidente da Microsoft, marcou presença em uma das maiores feiras de tecnologia: a Mobile World Congress (MWC). Na época, o executivo apresentou o Windows Phone 7, que se diferenciou pela tela inicial com os Live Tiles, saindo da mesmice do Android e iOS.
O design exclusivo e o desempenho fluido, sem engasgos, se destacaram de imediato. Especialmente quando o sistema marcou presença em smartphones da gigante Nokia, que até então focava no Symbian e MeGoo. Depois, a divisão de aparelhos da marca finlandesa foi comprada pela Microsoft por US$ 7 bilhões.
A Microsoft, no entanto, tomou decisões duvidosas que ofuscaram o seu sucesso. A começar pela estreia do Windows Phone 8, em 2012, que não foi liberado para os aparelhos com Windows Phone 7 por trazer um kernel (núcleo) diferente, similar ao Windows 8. Para ter a acesso à atualização, era preciso comprar outro celular.
O auge
O sistema nunca decolou. O StatCounter mostra que o maior auge do software aconteceu em 2014, quando o Windows Phone alcançou uma participação de mercado de 2,35%. Na mesma época, o Android e o iPhone tinham 53,65% e 23,95%, respectivamente.
Até que a Microsoft informou que o suporte do sucessor do Windows Phone 8, o Windows 10 Mobile, terminaria em 2019. Naquela época, o sistema operacional tinha um market share de 0,21%. Enquanto isso, o Android voava alto (bem alto): sete em cada dez celulares do mundo tinha o sistema operacional do Google.
Cabe ressaltar que Satya Nadella assumiu a cadeira de Steve Ballmer, ex-CEO da Microsoft, em 2014. De lá para cá, a Microsoft intensificou o investimento em mobile. Hoje, o Microsoft 365 para Android e iPad é tão completo que dá até para fazer edições avançadas por um tablet, por exemplo.
Satya Nadella não está sozinho
Este não é o primeiro chefão da Microsoft que se arrepende. O The Verge lembra que, em 2013, Steve Ballmer lamentou que, no início dos anos 2000, ficou muito focado no Windows Vista. Por isso, não a empresa não foi capaz de “realocar talentos” para o mercado mobile, perdendo uma grande janela de oportunidade.
Em 2019, Bill Gates também disse que perder para o Android foi “o maior erro de todos os tempos” da Microsoft.
“No mundo do software, especialmente para plataformas, estes são mercados em que o vencedor leva tudo. Portanto, o maior erro de todos os tempos foi qualquer má gestão que cometi e que fez com que a Microsoft não fosse o que o Android é”, disse, citando que o Android é “a plataforma mobile padrão que não é da Apple”.